Aos 23 anos, maestro José Soares conquista os prêmios do júri e do público
O maestro José Soares, Regente Assistente da Filarmônica de Minas Gerais, é o vencedor do 19º Concurso Internacional de Regência de Tóquio, edição 2021 (Tokyo International Music Competition for Conducting). José Soares recebeu também o prêmio do público. A 19ª edição recebeu 331 inscritos de 49 países; 14 maestros de 8 países foram selecionados para a primeira etapa do concurso, que teve início em 27 de setembro. José Soares é o mais jovem e o único brasileiro selecionado nesta edição.
A etapa final do concurso foi realizada na madrugada deste domingo, 3 de outubro, no Tokyo Opera City Concerto Hall, acompanhada pela orquestra New Japan Philharmonic, com a participação dos quatro regentes finalistas: Samy Rachid (França), José Soares (Brasil), Bertie Baigent (Reino Unido) e Satoshi Yoneda (Japão). José Soares regeu a Abertura de La gazza ladra, de Rossini (peça obrigatória para os quatro finalistas) e Petrushka, de Stravinsky, obra escolhida por ele.
O Concurso Internacional de Tóquio existe desde 1966 e premia as áreas de regência, canto e música de câmara, sendo que a modalidade regência se realiza a cada três anos.
O júri da edição 2021, composto por nove regentes da Holanda, Alemanha, Reino Unido, Áustria e Finlândia, foi presidido pelo maestro japonês Tadaaki Otaka, maestro titular da Orquestra Sinfônica NHK, diretor musical da Orquestra Sinfônica de Osaka e maestro laureado da BBC National Orchestra of Wales.
Para o maestro Fabio Mechetti, Diretor Artístico e Regente Titular da Filarmônica de Minas Gerais, foi grande o orgulho de acompanhar, nesta madrugada, a final e a vitória do Regente Assistente da Orquestra. “Aliado a seu talento natural, José une seriedade, disciplina e empenho, que o qualificam como um jovem regente merecedor de tal conquista. Além do mérito pessoal e do reconhecimento de seu trabalho, “devemos também nos alegrar por ver que a capacidade de um brasileiro pode contribuir para alterar esse ambiente de imagem negativa pelo qual o Brasil tem passado”.
Mechetti se recorda, com humor, de que, há alguns meses, quando José Soares ainda considerava se deveria ou não participar do concurso, ele o estimulou a enfrentar o desafio: “Disse a ele, meio brincando, que participasse, mas só para ganhar. Como bom discípulo que é, ele cumpriu à risca a minha proposta”. O maestro comenta, ainda, que a notícia do prêmio une-se a muitas outras, que “colocam a Filarmônica cada vez mais firmemente no cenário internacional. Em nome dos músicos de toda a família Filarmônica, damos nossos parabéns ao José. Que ele tenha cada vez mais sucesso.”
De Tóquio, o maestro José Soares envia as suas impressões sobre o resultado do concurso
“Ainda estou ainda atônito com esse resultado e, sobretudo, com a experiência de passar pelo concurso. Um concurso de regência é uma ocasião em que somos testados ao máximo em nossos conhecimentos e capacidade de reação em curto espaço de tempo. E com um novo fator dos tempos em que vivemos: a obrigatoriedade de uma quarentena de 14 dias para todos os estrangeiros que foram ao Japão. Este período solitário de confinamento já foi como uma 'prova' de resistência e autodisciplina.
Logicamente, o nível de desafios em uma ocasião como esta é muito alto. Estudar ao máximo nunca é suficiente. Sem dúvida, a Filarmônica foi o meu alicerce de experiência e apoio. Todas as vezes em que entrei para reger – e em um ambiente de muita pressão –, é como se todos que fizeram parte da minha trajetória artística entrassem junto comigo: minha mãe, professores, colegas e, certamente, a minha nova 'família' na Filarmônica de Minas Gerais.
E esse suporte vale mais do que qualquer outra coisa. A felicidade de ser bem-sucedido neste evento é presente, mas também uma reflexão de que, acima de tudo, a música é um fator de conexão entre pessoas, despertando o belo e o sensível. Especialmente em tempos tão difíceis, carrego em meu coração, neste reconhecimento, todos aqueles que fazem da música o seu ofício e, assim como eu, não conseguem viver sem cultivá-la e compartilhá-la com cada vez mais pessoas. Minha mais profunda gratidão. Sem cada um de todos vocês, esta aventura não seria tão especial”, ressalta José Soares.
José Soares
Natural de São Paulo, José Soares é Regente Assistente da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais desde 2020. Iniciou-se na música com sua mãe, Ana Yara Campos. Estudou Regência Orquestral com o maestro Cláudio Cruz, em um programa regular de masterclasses em parceria com a Orquestra Sinfônica Jovem do Estado de São Paulo. Participou como bolsista nas edições de 2016 e 2017 do Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão, sendo orientado por Marin Alsop, Arvo Volmer, Giancarlo Guerrero e Alexander Libreich. Recebeu, nesta última, o Prêmio de Regência, tendo sido convidado a atuar como regente assistente da Osesp em parte da temporada 2018, participando de um Concerto Matinal a convite de Marin Alsop. Foi aluno do Laboratório de Regência da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, sendo convidado pelo maestro Fabio Mechetti a reger um dos Concertos para a Juventude da temporada 2019. Em julho desse mesmo ano, teve aulas com Paavo Järvi, Neëme Järvi, Kristjan Järvi e Leonid Grin, como parte do programa de Regência do Festival de Música de Parnü, Estônia. Atualmente cursa o bacharelado em Composição pela Universidade de São Paulo.
Imagem: Divulgação /19th Tokyo International Music Competition for Conducting