Com olhar atento e observador, crianças e adolescentes de 79 escolas e instituições sociais de Belo Horizonte e Região Metropolitana foram ocupando as cadeiras da Sala Minas Gerais – espaço palco da edição 2016 da série “Concertos Didáticos”, da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, do Instituto Cultural Filarmônica.

Durante a abertura do concerto também foi laçado o DVD didático “Primeiros passos na música clássica: para quem ouve e para quem quer ouvir”, produzido pela Orquestra, com recursos da Lei Estadual de Incentivo à Cultura.
Os “Concertos Didáticos” são precedidos de uma ação educacional sobre música e orquestra, realizada nas próprias escolas, e orientada, em conjunto, além da Filarmônica, pela Escola de Música da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), com apoio da Coordenação Geral das Ações de Educação Integral, daSecretaria de Estado da Educação, e do Centro de Formação Artística e Tecnológica da Fundação Clóvis Salgado.
A gravação educacional traz uma narração que possibilita, nas salas de aula, a continuidade do trabalho de fixação e ampliação dos conhecimentos adquiridos em concerto.
Foi para uma plateia de estudantes dos ensinos fundamental e médio das redes pública e privada, e entidades assistenciais, que a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais realizou quatro apresentações dos Concertos Didáticos, nesta edição.
As escolas receberam convites e a Sala Minas Gerais acolheu 5.800 espectadores nos dois dias de apresentação, sendo 3.200 estudantes de escolas estaduais.
Cada escola participante recebeu um DVD. Outras 100 cópias foram entregues à Superintendência de Fomento de Incentivo à Cultura da Secretaria de Estado de Cultura, para distribuição a bibliotecas públicas, entre outros espaços.
Música, Cultura e Educação para todos
Sob a batuta do maestro Marcos Arakaki, a Orquestra interpretou as obras Capricho Espanhol, op. 34, de Rimsky-Korsakov; Rapsódia Húngara nº 2, de Liszt; Guilherme Tell: Abertura, de Rossini; e L`Arlesienne: Suíte nº 2 – Farandole, de Bizet. Durante a apresentação, o maestro Arakaki convidou os alunos a escreverem e enviarem para a Filarmônica uma redação relatando a experiência do concerto.
O concerto foi precedido da apresentação, pelo maestro, dos instrumentos, suas famílias (madeira, metal, corda e percussão) e seus acordes e sua disposição na formação da orquestra. As mãos levantadas foram quase unanimidade nas galerias, quando perguntadas pelo maestro: “quem nunca viu uma orquestra?”. "O que buscamos é estimular esses jovens a descobrirem o universo sinfônico e suas possibilidades", afirma o regente.
Alunas da Escola Engenheiro Prado Lopes
Os colegas de turma do 2º ano da Escola Estadual Doutor Renato Azeredo, de Betim, Starley André e Daniel Martins, ambos de 16 anos, estavam maravilhados.” Nunca tivemos a oportunidade de ver uma orquestra, estamos impressionados”.
Daniel, que também canta e toca violão, bateria, baixo e guitarra, se disse impressionado com a formação do conjunto dos instrumentos e defendeu que a iniciativa chegue até as comunidades.“Muita gente nem imagina como é bacana”.
Starley se disse impressionado com a potência do som. “No início fiquei procurando os microfones e as caixas de som, depois percebi que era o som natural dos instrumentos. Foi fenomenal”.
Evelin Beatriz, Letícia Marília Silva Machado, ambas de 17 anos, e Jéssica Julie, de 15, colegas de turma da Escola Estadual Engenheiro Prado Lopes, no bairro Alto Vera Cruz, também se entusiasmaram.
“Nunca imaginei que fosse uma coisa tão bonita e tão intensa”, disse Jéssica. "Uma vez vi uma orquestra na televisão e achei ‘palha’, mas aqui é outra coisa. Estou maravilhada, quero voltar mais vezes. Queria que outras colegas pudessem sentir o que eu senti hoje aqui”.
Para Letícia, o concerto “mudou minha ideia sobre música clássica, é lindo maravilhoso, um sonho”, resumiu.
O concerto que encantou todos os olhares foi como uma aula prática a respeito daquilo que ela já havia aprendido na escola.
“É muito importante ações educacionais como estas porque trabalhamos no sentido de levar a cultura para dentro da escola, democratizar o acesso e ampliar a noção de que aquele é um espaço deles, no qual também estão inseridos. Ao final do concerto tivemos meninos perguntando se eles também poderiam tocar harpa, violino ou violoncelo. E os DVD’s que foram levados para dentro das escolas vão contribuir para estimular e incentivar cada vez mais o universo imagético, a sensibilidade e a cultura desses estudantes"
Lucas Evencio Soares Dutra, membro da equipe pela Educação Integral da Secretaria de Educação
O objetivo da Filarmônica, segundo Diomar Silveira, diretor-presidente do instituto Cultural Filarmônica (ICF), é levar a música clássica a todas as pessoas, quebrando o tabu de ser elitista. “Levamos para as praças públicas, juventudes e para os estudantes com os Concertos Didáticos.
“Os meus alunos não conheciam a maioria dos instrumentos que vimos e achavam que não gostavam de música clássica, mesmo sem ouvir. Dou aula de Música na escola e sei dos benefícios que ela pode trazer a meus alunos. Então, acho importante formá-los como apreciadores de música de boa qualidade”
Marcelo Umbelino, professor da Escola Estadual Cristiano Guimarães
Segundo Werner Silveira, músico da orquestra, produtor e programador do DVD, a ideia era fazer um DVD didático que todos pudessem acessar. “Um DVD que não fosse só para criança. Participei do pré-roteiro, com o maestro Armond de Oliveira. Estudamos bastante".
Ele foi dividido em momentos, como a apresentação, com animação, da orquestra e da família de instrumentos. São cinco obras no total. A primeira tem orquestra inteira para apresentar aos jovens uma orquestra como um todo, depois passa família por família de instrumentos - madeira, metais, cordas e percussão -, e encerramento novamente com a orquestra inteira”.
Além da experiência presencial em salas de concerto, professores, alunos e público em geral têm, por meio do site da Orquestra (www.filarmonica.art.br), no menu Educacional, acesso a obras e compositores, sons, características e curiosidades sobre instrumentos de orquestra, livros de introdução ao universo orquestral dirigidos a crianças, adolescentes e adultos, além de vídeos sobre os bastidores e especificidades dos repertórios.
Plataforma Educacional da Filarmônica de Minas Gerais
A Orquestra Filarmônica de Minas Gerais tem quatro “Séries Educacionais e de Formação”, visando alcançar e sensibilizar o público de diferentes modos. Os Concertos Didáticos, com oito apresentações, são dedicados a crianças e adolescentes dos ensinos fundamental e médio e a instituições sociais.
Os Concertos Para a Juventude, com seis apresentações e recuperando a tradição dos concertos matinais aos domingos, busca reunir famílias em torno da música clássica e suas histórias.
Os Concertos de Câmara, com oito apresentações, trabalham no sentido de desenvolver a percepção sobre os diversos sons que compõem uma orquestra, por meio de seus grupos instrumentais (cordas, madeiras, metais e percussão).
Já os Concertos Comentados são 48 palestras de 30 minutos cada, com conteúdo histórico e musical, e que têm o objetivo de oferecer, por meio da narrativa, uma experiência mais ampla em relação ao repertório dos concertos das séries Allegro, Vivace, Presto e Veloce.
Há, ainda, duas atividades de "Fomento a Novos Talentos", ambas de caráter nacional.
Uma delas é o Festival Tinta Fresca, que se destina a estimular a criação musical sinfônica entre compositores brasileiros. Já o Laboratório de Regência oferece a jovens regentes a oportunidade de aprimorar seus talentos por meio de aulas teóricas com o regente titular da Filarmônica, Fabio Mechetti, e aulas técnicas com toda a Orquestra.
Concertos em 2017
A Orquestra Filarmônica de Minas Gerais lançará em 2017 a décima temporada e tem em seu planejamento concertos de série, programas educacionais, itinerância e produção de conteúdos para a disseminação do repertório sinfônico brasileiro e universal.
“Os concertos didáticos são preparados pensando na oportunidade das crianças conhecerem o que é um trabalho coletivo de músicos, a socialização, a responsabilidade de um sobre os outros e os outros sobre um”, pontua a diretora de Comunicação do Instituto Cultural Filarmônica (ICF), Jacqueline Guimarães.
Noventa e dois músicos trabalham na Orquestra, onde 18 nacionalidades convivem em harmonia. A programação artística tem o apoio de 3.320 assinaturas e 7 prêmios de cultura e de desenvolvimento foram recebidos.
Folder didático entregue aos alunos na apresentação da Orquestra Filarmônica