São cinco as obras finalistas do Sétimo Festival Tinta Fresca, promovido pela Filarmônica de Minas Gerais e que se destina a revelar jovens compositores brasileiros. As inscrições alcançaram todo o país e 35 peças inéditas foram avaliadas pela comissão julgadora, formada pelos compositores Edmundo Villani Côrtes, Eli-Eri Moura e Oiliam Lanna. As obras escolhidas estão sendo preparadas pela Filarmônica, na presença de seus autores, o que possibilita melhor entrosamento entre a criação e a execução das novas propostas musicais.
Os jovens compositores brasileiros podem ser conhecidos no concerto do dia 25 de maio, às 20h30, na Sala Minas Gerais, em concerto aberto ao público e com entrada gratuita. Neste dia, jurados e músicos irão eleger uma obra vencedora e seu autor, como estímulo à continuidade de seu trabalho, receberá a encomenda de uma nova composição a ser interpretada na Temporada 2017 da Filarmônica.Os ingressos são gratuitos e podem ser retirados a partir do dia 20 de maio, sexta-feira, das 12h às 21h, apenas na Bilheteria da Sala Minas Gerais (limitado a dois ingressos por CPF).
Este concerto é apresentado pelo Ministério da Cultura, Governo de Minas Gerais e CBMM por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.
FINALISTASE SUAS OBRAS
Caio Facó (Fortaleza, CE, Brasil, 1992) / Aproximações Áureas
É mestrando em Composição na UFRGS. Aproximações Áureas inspira-se na constante matemática conhecida como proporção áurea, muito encontrada na natureza e no universo. Nesta obra, não há uma distinção clara entre harmonia e melodia, mas diferentes texturas de sons, que fluem livremente pelo tempo, e que foram construídas sobre esta constante. Por último, há também um elemento misterioso, estranho à orquestra, que simboliza os mistérios de nosso universo. Outras obras de Caio Facó já foram interpretadas pela Academia da Osesp, Ensamble de Solistas de Salta e o International Contemporary Ensemble. Em 2015 ele regeu, na Sala São Paulo, a estreia de sua peça Nyx. Finalista dos concursos Novos Compositores e Walter Smetak, Facó também possui obras regidas por Cesário Costa e Cláudio Cohen. Estudou Composição com Alfredo Barros, Germán Gras e Borges-Cunha e frequentou masterclasses com Ailton Escobar, Don Freund e Mário Ficarelli.
Pedro Lutterbach (Belo Horizonte, MG, Brasil, 1982) / O Coração do Curupira
Compositor, professor e pianista bacharelado no Conservatório Brasileiro de Música, sob orientação de Maria Teresa Madeira e Maria Tereza Soares. Estudou Regência com Ricardo Rocha e Composição com Alexandre Schubert e Caio Sena. Obteve o segundo lugar no 4º Concurso Internacional de Composição de Póvoa de Varzim, Portugal. Seu trabalho mostra influências de Debussy, Ravel e Stravinsky, Guarnieri, Santoro, Guerra-Peixe, Gnattali e Villa-Lobos. O Coração do Curupira é inspirado no folclore brasileiro e apresenta uma mistura de formas com traços do Romantismo nacionalista. A obra parte de um tema local e explora uma ideia descritiva, em uma abordagem conhecida como programática, por se basear em elementos visuais ou extramusicais. Atmosferas que vão do sombrio ao cômico aparecem em seções bem definidas e transições que evocam certo suspense, nesta obra que extrai algo ritualístico e selvagem do personagem.
Gabriel Xavier (Santos, SP, Brasil, 1992) / Percurso – Trianon-Sumaré
Iniciou os estudos musicais em sua cidade natal, onde fez seus primeiros exercícios de composição. Mudando-se para São Paulo, graduou‑se em Composição pela Faculdade Santa Marcelina. Desde 2012 estreou peças para distintas formações, tais como Ricercare, Convergência, Suíte Anacrônica, Litoral Plaza Puzzle, Abismo dos Cheiros e Plúmbeo Chofre. Foi finalista da III Bienal Música Hoje com Canto de Cera e Carne, para orquestra de câmara. Também atua como regente e é membro da Camerata Profana, grupo voltado à difusão da música contemporânea, formado por intérpretes, compositores e regentes. Percurso traduz impressões do metrô de São Paulo segundo a perspectiva de um transeunte. Dentro do universo sonoro do metrô, somos convidados a imaginar o sonho de um trabalhador cansado ao fim do dia”, diz o compositor. Em seu fantástico Percurso, reminiscências de memórias musicais associam-se ao ruidoso trem dos anos 1990 em alta velocidade.
Leon Steidle (Mogi das Cruzes, SP, Brasil, 1990) / Singularidades
Graduou-se em Composição e Regência pela Faculdade Santa Marcelina, sob orientação de Sérgio Kafejian. Suas obras desse período foram divulgadas em outros centros acadêmicos como referência de escrita musical. Atualmente é professor de violão, guitarra, harmonia e percepção e desenvolve projetos como compositor em grupos de música contemporânea. Singularidade é um termo da Cosmologia que indica um ponto específico do espaço-tempo em que as leis da física entram em colapso. Singularidades foi escrita sob o ponto de vista das diferentes situações desse fenômeno. Em alguns momentos, a obra simula o poder dos campos gravitacionais por meio do controle das dinâmicas dos instrumentos; em outros, o deslocamento das entidades harmônicas pelos timbres da orquestra, caracterizando assim o chamado horizonte de eventos. Grandes movimentações representam a força gravitacional; momentos tênues representam a poeira cósmica do universo, fora de um campo gravitacional.
Levy Oliveira (Congonhas, MG, Brasil, 1993) / Um ato de fé
Bacharelando em Composição na UFMG, tem João Pedro Oliveira como principal orientador. Sua peça Hiperestesia foi selecionada no VIII Destellos Composition Competition, finalista no Open Circuit Composition Prize e primeiro prêmio no Concurso de Composição Eduardo Bértola. Tem levado suas obras a festivais internacionais como Monaco Electroacoustique, International Days of Electronic Music, Muslab, International Student Electronic Music Concert e Open Circuit. Um ato de fé é inspirada no poema A música das almas de Vinicius de Moraes e reflete sua ideia central: após passar por uma tormenta em suas vidas, as pessoas ficam em um estado de espírito diferente, mas, essencialmente, são as mesmas. No início da obra, o violino representa as pessoas. A tormenta se intensifica, levando a um longo clímax. Em seguida, fragmentos da ideia inicial retornam para mostrar que os temas, ainda presentes, estão modificados pelo que foi vivido durante a música.
JURADOS
Edmundo Villani-Côrtes (Juiz de Fora, MG, 1930)
Pianista, estudou no Conservatório Brasileiro de Música com Guilherme Mignone. Estudou Composição com Camargo Guarnieri, Hans Joachim Koellreutter e teve Henrique Morelenbaum como orientador no seu mestrado em Música na UFRJ. É Doutor em Música pela Unesp, onde foi professor por dezesseis anos. Por dez anos lecionou na Universidade Livre Tom Jobim. Também regente e arranjador, seu acervo soma mais de trezentas obras e setenta CDs, gravados no Brasil, América do Norte, Itália, França, Inglaterra, Alemanha e Japão. Algumas de suas peças são estudadas em nível de pós-graduação em universidades brasileiras e estrangeiras. Sete vezes laureado pela Associação Paulista de Críticos de Arte, também recebeu o Troféu Guarani pela carreira de compositor e o Troféu Governo do Amazonas por sua contribuição à arte e à identidade cultural brasileira. Desde 2015 ocupa a cadeira nº 11 da Academia Brasileira de Música.
Eli-Eri Moura (Campina Grande, PB, 1963)
Doutor em Composição pela McGill University, Canadá, sua obra abrange a música contemporânea de concerto e a música incidental. Seu trabalho recebeu diversos prêmios, como Max Stern Fellowship in Music, Canadá, Composição Funarte dos anos 2008, 2012 e 2014 e Melhor Música na décima edição do Vitória Cine Vídeo. Eli-Eri tem participado de diversos festivais, incluindo várias edições da Bienal de Música Brasileira Contemporânea, além do Ano Brasil em Portugal, do Europalia International Arts Festival e do World Music Days (ISCM). Lançou quatro CDs autorais e escreveu para vários periódicos, incluindo o Contemporary Music Review da Inglaterra. Leciona nos programas de Graduação e Pós-Graduação da Universidade Federal da Paraíba, onde fundou o Compomus (Laboratório de Composição Musical) e liderou a implantação da área de composição.
Oiliam Lanna (Visconde do Rio Branco, MG, 1953)
Graduado em Composição pela Escola de Música da UFMG, sob orientação de Arthur Bosmans, estudou Análise Musical e Composição na Fundação de Educação Artística, Belo Horizonte, com Hans Joachim Koellreutter e Dante Grela. É Mestre em Composição pela Faculdade de Música da Universidade de Montréal, sob a direção de André Prévost, e Doutor em Linguística pela Faculdade de Letras da UFMG, com estudos de aperfeiçoamento na Universidade de Genebra. Professor do curso de Composição da Escola de Música da UFMG, sua produção inclui obras para instrumentos solistas, camerísticas e orquestrais. Sua obra de câmara Tramas da Memória está no premiado documentário Matéria de Composição (2014), de Pedro Aspahan. Entre suas obras para orquestra destacam-se Rituais do Tempo (2010) e Minas: Vertentes, Mistério, Celebração (2015), ambas estreadas pela Filarmônica de Minas Gerais, sob a regência de Fabio Mechetti.
ORQUESTRA E SOCIEDADE
A Filarmônica desenvolve diversos programas dedicados à democratização do acesso à música clássica de qualidade. Estão entre eles, além de alguns concertos abertos e gratuitos ao público, exposições, turnês em cidades do interior do estado, concertos didáticos para formação de público, apresentações de grupos de câmara, bem como iniciativas de estímulo à profissionalização do setor no Brasil – o Festival Tinta Fresca, dedicado a compositores, e o Laboratório de Regência, destinado ao aprimoramento de jovens regentes. Já foram realizadas 82 apresentações em cidades mineiras e 29 concertos em praças públicas e parques da Região Metropolitana de Belo Horizonte, mobilizando um público de 274 mil pessoas. Mais de 70 mil estudantes e trabalhadores tiveram a oportunidade de aprender um pouco sobre obras sinfônicas, contexto histórico musical e os instrumentos de uma orquestra, participando de concertos didáticos.
O nome e o compromisso de Minas Gerais com a arte e a qualidade foram levados também a 15 festivais nacionais, a 32 apresentações em turnês pelas cinco regiões brasileiras, bem como a cinco apresentações internacionais, em cidades da Argentina e do Uruguai.
Entre as outras frentes de trabalho abertas pela Filarmônica estão a gravação da trilha sonora do espetáculo comemorativo dos 40 anos do Grupo Corpo, Dança Sinfônica (2015), criada pelo músico Marco Antônio Guimarães (Uakti). Com o Giramundo Teatro de Bonecos, realizou o conto musical Pedro e o Lobo (2014), de Sergei Prokofiev. Comercialmente, a Orquestra já lançou um álbum com a Sinfonia nº 9, “A Grande” de Schubert (distribuído pela Sonhos e Sons) e outros três discos com obras de Villa-Lobos para o selo internacional Naxos.
FORMAÇÃO E MANUTENÇÃO DA ORQUESTRA
Criada em 2008, a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais tornou-se um dos mais bem-sucedidos programas continuados no campo da música erudita, tanto em Minas Gerais como no Brasil. Sob a direção artística e regência titular de Fabio Mechetti, a Orquestra é atualmente formada por 92 músicos provenientes de todo o Brasil, Europa, Ásia, Américas Central, do Norte e Oceania, selecionados por um rigoroso processo de audição. Reconhecida com prêmios culturais e de desenvolvimento econômico, em seus primeiros oito anos de vida a Orquestra realizou 554 concertos, com a execução de 915 obras de 77 compositores brasileiros e 150 estrangeiros, para mais de 709 mil pessoas, sendo que 40% do público pôde assistir às apresentações gratuitamente. O impacto desse projeto artístico durante os anos também pode ser medido pela geração de 59 mil oportunidades de trabalho direto e indireto.
O corpo artístico Orquestra Filarmônica de Minas Gerais é oriundo de política pública formulada pelo Governo do Estado de Minas Gerais. Com a finalidade de criar uma nova orquestra para o Estado, o Governo optou pela execução dessa política por meio de parceria com o Instituto Cultural Filarmônica, uma entidade privada sem fins lucrativos qualificada com o título de Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip). Tal escolha objetivou um modelo de gestão flexível e dinâmico, baseado no acompanhamento e avaliação de resultados. Um Termo de Parceria foi celebrado como instrumento que rege essa relação entre o Estado e a Oscip, contendo a definição das atividades e metas, bem como o orçamento necessário à sua execução. O vínculo de trabalho dos músicos e equipe técnica é pela CLT e a programação artística tem sido integralmente paga por recursos captados junto a empresas, por meio das leis de incentivo Estadual e Federal, bem como de bilheteria.
PRÊMIOS
Reconhecida e elogiada pelo público e pela crítica especializada, em 2016 a Filarmônica e o maestro Mechetti receberam o Troféu JK de Cultura e Desenvolvimento de Minas Gerais. A Orquestra, em conjunto com a Sala Minas Gerais, recebeu o Grande Prêmio Concerto 2015. Ainda em 2015, o maestro Fabio Mechetti recebeu o Prêmio Minas Gerais de Desenvolvimento Econômico. Em 2012, a Filarmônica foi reconhecida com o Prêmio Carlos Gomes de melhor orquestra do Brasil e, em 2010, com o Prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Artes) de melhor grupo musical erudito. No ano de 2009, Fabio Mechetti recebeu o Prêmio Carlos Gomes de melhor regente brasileiro por seu trabalho à frente da Filarmônica.
O Instituto Cultural Filarmônica recebeu dois prêmios dentro do segmento de gestão de excelência. Em 2013, concedido pela Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão de Minas Gerais, em parceria com o Instituto Qualidade Minas (IQM), e em 2010, conferido pela Fundação Instituto de Administração da Universidade de São Paulo (USP). Na área de Comunicação, foi reconhecido com o prêmio Minas de Comunicação (2012), na 10ª Bienal Brasileira de Design Gráfico (2013) e na 14ª Bienal Interamericana de Design, ocorrida em Madri, Espanha (2014).
SERVIÇO
Orquestra Filarmônica de Minas Gerais
Festival Tinta Fresca
Concerto de Encerramento
25 de maio – 20h30
Sala Minas Gerais
Os ingressos são gratuitos e podem ser retirados a partir do dia 20 de maio, sexta-feira, das 12h às 21h, apenas na Bilheteria da Sala Minas Gerais (limitado a dois ingressos por CPF).
Funcionamento da bilheteria:
Sala Minas Gerais – Rua Tenente Brito Melo, 1090 – Bairro Barro Preto
De terça-feira a sexta-feira, das 12h às 21h.
Aos sábados, das 12h às 18h.
Em sábados de concerto, das 12h às 21h.
Em domingos de concerto, das 9h às 13h.