
A corporeidade negra do maracatu, afoxé, samba e demais danças brasileiras de matriz africana, foi levada para Berlim, neste mês, pela bailarina afro Júnia Bertolino, juntamente com sua equipe da Companhia Baobá de Dança – Minas. Viabilizada pelo programa Circula Minas da Secretaria de Estado de Cultura - SEC, a viagem possibilitou a participação dos mineiros no Fórum Brasil-Alemanha.
A riqueza e pluralidade cultural brasileira, seus mitos e misticismo, aliada ao ativismo social, característica tradicional da população alemã, motiva o evento. Entre os dias 5 e 15 de dezembro o intercâmbio cultural, a compreensão e o diálogo inter-religioso foram temas de oficinas, palestras e apresentações artísticas.
Com o intuito de preencher as lacunas entre continentes e culturas, Júnia Bertolino ministrou, na capital alemã, a oficina “Corporeidades Negras Afros Brasileiras”. Segundo a dançarina, um trabalho com o corpo, canto, teatro e dança pode despertar e estimular a busca de conhecimentos sobre identidade, além de contribuir em ações educativas.
Julimar Pereira e Marise Fernandes Marques, também integrantes da CIA Baobá, apresentaram em território europeu a performance de danças afro-brasileiras com experimentos da capoeira angola e hip hop. O mesmo número se utiliza da narrativa poética para sintonizar as marcações rítimicas da apresentação. A ideia é representar um corpo que reza e perpetua o legado de tradição e resistência do povo valente, brasileiro e mestiço.
Ainda no Fórum Brasil-Alemanha, os dançarinos ofereceram uma palestra sobre as pesquisas que abordam as raízes afros-brasileiras. Eles propuseram ações para a valorização da cultura local e difusão das heranças transmitidas pelos ancestrais negros por meio de cantigas e histórias.
COMPANHIA BAOBÁ DE DANÇA – MINAS
Criada em 1999, a Companhia Baobá de Dança – Minas busca mostrar a beleza e altivez do negro, abordando seu cotidiano e sua cultura, além de ritmos, poesia e dança afro-brasileira. O objetivo da Cia é divulgar a cultura popular das diversas comunidades do território nacional, ressaltando valores e temáticas importantes desses conhecimentos, como oralidade, memória, ancestralidade, identidade e, sobretudo, o notório saber dos mestres populares e a valorização da cultura de matriz africana.
Júnia Bertolino é bailarina afro, jornalista e antropóloga, pós - graduada em Estudos Africanos e Afro-brasileiros na PUC-MINAS. É capoeirista da Acesa – Associação Cultural Eu Sou Angoleiro (Mestre João Bosco – Bhte-MG). Além disto, participa ativamente de projetos sobre políticas públicas para educação e cultura, como o IV Prêmio Zumbi de Cultura e Comemoração da Consciência Negra, pela Cia Baobá Minas, o Coletivo de Artistas Negro (as) de Belo Horizonte e Coletivo Regional de Fórum de Performance Negra – Minas.
CIRCULA MINAS
O programa da SEC dispõe de R$ 300 mil destinados a artistas, estudiosos da cultura, técnicos, agentes culturais, mestres e mestras dos saberes e fazeres populares, com residência permanente em Minas Gerais, para participarem de atividades prioritariamente culturais, promovidas por instituições brasileiras ou estrangeiras de reconhecido mérito.
A implementação inédita do edital, o aumento do valor do recurso, a pré-inscrição online e a transparência nos critérios de participação e avaliação são algumas das novidades do programa que reafirmam o compromisso da SEC com a democratização e ampliação dos mineiros ao acesso à cultura.
Por Aline Rosa de Sá