Minas Gerais, Amazonas, Bahia. Esses foram alguns dos estados visitados por Mário de Andrade em sua busca por descobrir as raízes do Brasil. As itinerâncias, realizadas de 1919 a 1929 por um dos principais expoentes do modernismo nacional, ajudaram a construir a identidade do movimento brasileiro. As jornadas ao território mineiro, em 1919 e 1924, são o mote do documentário “Uma Carta para Mário”, dirigido por Armando Mendz, que estreia nesta quarta-feira (28), às 20h, no Cine Humberto Mauro.
O evento, que é gratuito e tem retirada dos ingressos 1 hora antes da sessão na bilheteria do espaço, é parte integrante do programa “O Modernismo em Minas Gerais”, que até o fim deste ano realiza inúmeras ações para celebrar o movimento considerado o mais pungente de nossas artes. A exibição faz parte da mostra Veredas Antropofágicas, que relaciona o cinema de invenção brasileiro e o modernismo.
O filme de Mendz parte de uma carta escrita por Luiz Ruffato para Mário de Andrade, onde faz um relato das consequências da Semana de Arte Moderna de 1922 para a cultura de Minas Gerais e do país. O trabalho ainda conta com a participação do poeta mineiro Ricardo Aleixo, que interpreta trechos do poema “Noturno de Belo Horizonte”, escrito por Mário de Andrade a partir de sua visita à capital mineira em 1924.
Para o diretor da obra “Uma Carta Para Mário" é um registro afetuoso sobre o Modernismo em Minas Gerais e seus desdobramentos. “Ao mesmo tempo em que marca uma efeméride - os 100 anos da Semana de Arte Moderna de 1922 – o trabalho resgata e reflete sobre o legado do movimento modernista, que pensava o futuro no presente, mas sempre buscando nas nossas raízes a identidade brasileira. Que não negava nossas contradições, mas tentava abraçá-las. Um pensamento que foi, é e sempre será importante, assim como o próprio movimento, fundamental para a cultura brasileira do século XX e que, ainda hoje, ecoa na luta pela diversidade, pela liberdade de criação e no pensar o Brasil como possibilidade, não problema”, explica Armando Mendz.
O documentário conta com entrevista com os professores João Antônio de Paula, Isabelle Anchieta, Vera Casanova, Rodrigo Vivas, Leonardo Castriota e Denise Bahia, bem como do filósofo Daniel Mundukuru. Eles abordam o contexto histórico ao longo das primeiras décadas do século XX e o cenário da literatura, artes plásticas e arquitetura em Minas Gerais e no Brasil ao longo deste período. Com 85 minutos de duração, “Uma Carta para Mário” tem direção de fotografia de Alexandre Baxter e o roteiro de Pilar Fazito. A produção executiva é de Breno Nogueira e Leonardo Guerra.
O MODERNISMO EM MINAS GERAIS
O Modernismo como trajetória histórica e cultural é fonte rica e inesgotável: deve ser vivenciado, revisitado, apreciado e preservado. Com essa premissa, o programa O Modernismo em Minas Gerais reconstitui a trajetória do movimento artístico mais marcante do século XX no Brasil. O projeto percorre o núcleo modernista formado em Minas Gerais, principalmente Belo Horizonte, a partir da década de 1920 e evidencia a participação dos mineiros no movimento e suas contribuições em nível nacional.
O programa pretende fazer com que o público entre em contato com as contribuições dos artistas nas mais diversas expressões e linguagens culturais, bem como as consequências do movimento nos mais variados domínios da arte. Entre os destaques da programação, estão: Ciclo de Debates, Saraus Modernistas, Espetáculos Musicais, Mostra de Cinema, lançamento de longa-metragem documental, Espetáculo de Dança, Concertos Sinfônicos, Mostra Fotográfica, Espetáculo Teatral e Publicações. A programação acontece até o fim deste ano nos espaços do Palácio das Artes.