Com regência do maestro Fabio Mechetti, Orquestra também interpreta Ravel e estreia obra encomendada ao vencedor do Festival Tinta Fresca de 2019, Igor Maia
Um dos maiores pianistas brasileiros de todos os tempos, Arnaldo Cohen retorna a Belo Horizonte para executar, junto à Filarmônica de Minas Gerais, duas obras de absoluta diversidade: o Primeiro Concerto de Mendelssohn e as variações de Rachmaninov escritas sobre o célebre tema de Paganini. Noite também da estreia mundial da obra Selãh, encomenda da Filarmônica ao vencedor do Festival Tinta Fresca de 2019, Igor Maia; e da efervescência ibérica de Ravel, com a Rapsódia Espanhola. As apresentações serão nos dias 14 e 15 de julho, às 20h30, na Sala Minas Gerais, com regência do maestro Fabio Mechetti, Diretor Artístico e Regente Titular da Filarmônica de Minas Gerais. Os ingressos estão à venda no site www.filarmonica.art.br e na bilheteria da Sala Minas Gerais.
De acordo com as orientações da Prefeitura de Belo Horizonte para a prevenção da covid-19 em ambientes fechados (Portaria nº 375/2022, publicada no dia 14 de junho de 2022), o uso de máscara é obrigatório na Sala Minas Gerais. Veja mais orientações no “Guia de Acesso à Sala”, no site da Orquestra: fil.mg/acessoasala.
Este projeto é apresentado pelo Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Realização: Instituto Cultural Filarmônica.
Arnaldo Cohen, piano
Graduado em piano e violino pela Escola de Música da UFRJ, Arnaldo Cohen conquistou por unanimidade o 1º Prêmio no Concurso Internacional Busoni, na Itália e, desde então, tem se apresentado como solista das mais importantes orquestras do mundo. Após mais de 20 anos em Londres, onde lecionou na Royal Academy of Music e no Royal Northern College of Music, transferiu-se para os Estados Unidos em 2004, tornando-se o primeiro brasileiro a assumir uma cátedra vitalícia na Escola de Música da Universidade de Indiana. Além de recitalista e concertista, transita também pelos domínios da música de câmara, tendo integrado durante cinco anos o prestigiado Trio Amadeus. Conhecido por sua técnica clara e exemplar, Cohen também gravou discos premiados e muito bem recebidos pela crítica, de compositores como Liszt, Brahms, Rachmaninov e uma abrangente coletânea de música brasileira para o selo sueco BIS.
Repertório
Igor Maia (Campinas, Brasil, 1988) e a obra Selāh (2022)
Em junho de 2019, o paulista Igor Maia subiu ao palco da Sala Minas Gerais ao lado de três outros compositores para concorrer ao prêmio máximo do Festival Tinta Fresca. Criada no mesmo ano em que foi fundada a nossa Orquestra, a iniciativa proporciona um terreno fértil para compositores brasileiros em busca de sua própria voz. A obra Quatro peças orquestrais foi julgada e escolhida pelos votos dos jurados André Mehmari, Guilherme Nascimento e Liduino Pitombeira, da Orquestra e do maestro Marcos Arakaki, regente do concerto que encerrou o festival. Como prêmio, Maia recebeu a encomenda para escrever uma peça inédita para a nossa Orquestra. Intitulada Selāh, a obra fará sua estreia mundial na Sala Minas Gerais sob regência de Fabio Mechetti. Igor Maia é compositor e regente, PhD em Composição Musical pelo King's College London. Sua pesquisa investigou a cultura indígena brasileira e sua integração com técnicas de composição da música clássica contemporânea. Natural de Campinas, é professor assistente de Composição na Universidade Federal de Minas Gerais.
Felix Mendelssohn (Hamburgo, Alemanha, 1809 – Leipzig, Alemanha, 1847) e a obra Concerto para piano nº 1 em sol menor, op. 25 (1831)
Os críticos do século XIX costumavam ver Mendelssohn como um “romântico”; na época, era o termo utilizado para designar compositores de gosto mais tradicional, com produção musical calcada na grandeza poética do passado. Em certo sentido, eram vistos como continuadores de Beethoven. Em oposição aos “românticos”, havia os “modernos”, aqueles que arriscavam uma nova poética e plantavam as sementes do futuro, como Berlioz, Schumann, Liszt e Wagner. De fato, Mendelssohn nunca foi um “moderno”. Mas, para ser um continuador de Beethoven, era necessário muito mais coragem do que supunham seus opositores. Quando Mendelssohn compôs seu Concerto para piano nº 1 em sol menor, em 1831, Beethoven havia falecido há apenas quatro anos. O condensamento da forma foi, talvez, o ponto de partida encontrado por Mendelssohn para estabelecer uma maneira de compor diferente de Beethoven. Em Mendelssohn, os três movimentos do Concerto para piano nº 1 são condensados em um único movimento. Vistos (ouvidos) à distância, os três movimentos interligados funcionam como uma coleção de momentos ora grandiosos, ora singelos, que se colocam como uma antítese do concerto beethoveniano. Em Mendelssohn, o piano retoma o papel do protagonista que ele possuía em Mozart. Mas, enquanto, em Mozart, a orquestra funcionava como um espelho psicológico, em Mendelssohn, o piano não dá muito espaço para que ela se estabeleça. Sua escrita virtuosística chega a superar a de Beethoven em alguns momentos.
Sergei Rachmaninov (Oneg, Rússia, 1873 – Beverly Hills, Estados Unidos, 1943) e a obra Rapsódia sobre um tema de Paganini, op. 43 (1934)
Aos artistas criadores e aos musicólogos, em sua grande maioria, o legado de Rachmaninov não causa entusiasmo ou desprezo. Por outro lado, aos intérpretes e ao público em geral, ele soa atraente, desafiador e comovente. Rachmaninov foi, antes de tudo, um pianista. Essa ligação visceral com o seu instrumento o faz adotar uma estética ultrarromântica, que leva a graus exponenciais o tratamento pianístico. À parte as pequenas peças para piano, nota-se isso sobretudo em seus concertos e na celebrada Rapsódia sobre um tema de Paganini. Escrita em 1934, foi estreada no mesmo ano em Baltimore, Estados Unidos, pela Orquestra da Filadélfia, sob a regência de Leopold Stokowski, tendo como solista o próprio compositor. Trata-se de uma obra concertante, para piano e orquestra, constituída de vinte e quatro variações sobre o tema do vigésimo quarto Capricho de Paganini (composto para violino solo). A figura mítica de Paganini, que ajudou a moldar a mentalidade romântica, transparece em suas criações, de grande dificuldade, cujo exemplo mais célebre são justamente os Caprichos. De alguns deles, Schumann e Liszt fizeram transcrições para piano, e Brahms elaborou, com o tema principal do último, duas séries de variações para piano. É nessa mesma tradição romântica que Rachmaninov compõe sua Rapsódia.
Maurice Ravel (Ciboure, França, 1875 – Paris, França, 1937) e a obra Rapsódia Espanhola (1895/1907, revisão 1908)
O francês Maurice Ravel nasceu na fronteira espanhola, em uma pequena cidade dos Pirineus Atlânticos, à beira-mar. Quando ainda não completara um ano, sua família mudou-se para Paris. Mas o compositor (de ascendência basca pelo lado materno) manteve-se sempre ligado à região natal e ao país vizinho. A Espanha sinaliza toda sua trajetória musical, desde a Habanera, composta em 1895, até a última obra, D. Quixote a Dulcineia, de 1932. Para sua primeira obra-prima orquestral, a Rapsódia Espanhola, o compositor escolheu dois pretextos prediletos – a Dança e a Espanha. Pelo cultivo das antigas formas de dança, Ravel se insere em uma tradição francesa que remonta a Lully, Couperin e Rameau, caracterizada pela leveza de expressão, pela nitidez dos contornos melódicos (nesse aspecto, ele nada tem de impressionista), pelo encanto do colorido orquestral. E, por seu fascínio pela Espanha, Ravel retoma e atualiza a tendência de compositores como Lalo e Bizet que, no fim do século XIX, procuraram na ambientação e nos ritmos ibéricos elementos renovadores para a música francesa.
Programa
Série Allegro
14 de julho – 20h30
Sala Minas Gerais
Série Vivace
15 de julho – 20h30
Sala Minas Gerais
Fabio Mechetti, regente
Arnaldo Cohen, piano
Ingressos:
R$ 50 (Coro), R$ 50 (Terraço), R$ 50 (Mezanino), R$ 65 (Balcão Palco), R$ 86 (Balcão Lateral), R$ 113 (Plateia Central), R$ 146 (Balcão Principal) e R$ 167 (Camarote).
Ingressos para Coro e Terraço serão comercializados somente após a venda dos demais setores.
Meia-entrada para estudantes, maiores de 60 anos, jovens de baixa renda e pessoas com deficiência, de acordo com a legislação.
Informações: (31) 3219-9000 ou www.filarmonica.art.br
Imagem: Yupeng Gu