A descentralização e expansão das ações marcou o ano de 2021 da Fundação de Arte de Ouro Preto (FAOP), vinculada à Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult). Mesmo com as restrições impostas pela pandemia da Covid-19, a instituição encerrou o ano com a sua primeira unidade fora da cidade sede, em Paracatu, na região noroeste do estado, e também com diversas parcerias com municípios espalhados por todo o estado, tratativas internacionais, além de expressivos números em seus cursos online foram também destaques.
Para Jefferson da Fonseca, presidente da FAOP, ainda há um longo caminho a ser percorrido. Para 2022, nossa meta é consolidar, fortalecer e ampliar a nossa capacidade de diálogo e realização, contribuindo mais e melhor com a memória, com o patrimônio histórico, artístico e cultural de nossas Minas Gerais".
Recorde de alunos
Desde 2020, ano em que a pandemia aterrissou no país, a fundação tem adotado o modelo de cursos à distância, oferecidos gratuitamente para interessados de todas as regiões do Brasil. Em 2021, 893 inscrições foram registradas e 529 alunos e alunas participaram das aulas. Os cursos da FAOP atraíram estudantes de 107 municípios e três distritos, em 18 estados.
As aulas foram ministradas por meio da plataforma Google Meet. Os alunos puderam participar de discussões pelo WhatsApp, por onde tiveram também acesso a vídeos gravados pelos professores da instituição. Andréia Miranda, professora de Mosaico de Vidro de Objeto, curso que une teoria e prática, conta que tem observado uma grande dedicação dos alunos e uma evolução daqueles que deram continuidade aos estudos no segundo semestre em um módulo mais avançado.
Conservação e Restauro no Trilhas de Futuro
O tradicional Curso Técnico de Conservação e Restauro da FAOP também avançou durante o último ano, com a participação no programa do Governo Estadual de Minas Gerais, "Trilhas de Futuro", que ofertou cursos gratuitos e ajuda de custo para transporte e alimentação. Com a participação no projeto, 50 vagas foram preenchidas, além dos 19 estudantes inscritos pelo processo seletivo regular.
O curso também precisou adaptar suas aulas para o modelo online, com exceção das matérias exclusivas práticas, que exigem presença no ateliê e precisaram ser suspensas. Entretanto, apesar da ausência das turmas, o corpo técnico da instituição continuou trabalhando no restauro de algumas obras, como de esculturas da cidade. Foi possível ainda fazer a devolução de acervo para as comunidades, como parte da comemoração do aniversário de Ouro Preto, em julho. Foram entregues obras do município de Itabirito, Senador Firmino, e dos distritos de Ouro Preto, Cachoeira do Campo e Amarantina.
Entrega de obras restauradas pelo Núcleo de Conservação e Restauração, em Julho
Além disso, a equipe técnica juntamente com o Laboratório de Conservação e Restauro Jair Afonso Inácio| Labcor, representado pela coordenadora Bianca Monticelli, visitou alguns municípios para a avaliação de acervos, como os das cidades de Itapecerica e Antônio Dias, em Minas Gerais, e o da Funarte, no Rio de Janeiro.
Um ano de parcerias
A Fundação de Arte de Ouro Preto deu um passo importante no seu processo de expansão no ano de 2021. Toda a mobilização ao longo dos meses resultou em sua primeira unidade fora de Ouro Preto em 53 anos de história. Fica na cidade de Paracatu, região Noroeste do estado de Minas Gerais.
Além disso, a FAOP e a prefeitura de Guaxupé, município do Sul de Minas, têm avançado para fechar mais uma parceria. Em dezembro, a fundação participou das comemorações do Natal de Luz de Guaxupé, promovendo o I Concurso Regional de Presépios e organizando uma exposição do acervo de edições anteriores do Concurso Nacional de Presépios da FAOP. A expectativa é que em 2023, o município do Sul de Minas também tenha a sua unidade.
Outras cidades como Itapecerica, do centro-oeste mineiro, Santa Luzia, na região metropolitana de Belo Horizonte, Itambacuri e Peçanha, localizadas no Vale do Rio Doce, e Monte Santo de Minas, sudoeste de Minas, também têm estabelecido trocas importantes com a instituição, prometendo frutos das parcerias em 2022.
Para além dos municípios mineiros, a FAOP cruzou as fronteiras nacionais ao assinar, em Portugal, um Protocolo de Intenções junto ao Instituto de Formação dos Países de Língua Oficial Portuguesa, durante uma conferência em Lisboa. O protocolo formaliza os planos de desenvolver uma série de ações de fomento ao turismo, à cultura e ao intercâmbio entre Brasil e Portugal.
“O saldo das aulas online foi extremamente positivo no ano de 2021. Os cursos foram uma via de mão dupla, foi muito positivo para eles e também para mim, enquanto professora, que precisei buscar ainda mais informações e elaborar melhor os planos de aula. O curso de Mosaico de Vidro é muito prático, então precisei pensar em como romper o desafio de um curso prático à distância”, relata Andréia.
Retorno das ações presenciais de extensão
Outro marco de 2021 foram os retornos das atividades presenciais na Galeria de Arte Nello Nuno, respeitando as orientações de segurança contra a Covid-19. Passaram pelo local as exposições “O caos nosso de cada dia”, “Biblioteca do Futuro Passado Presente”, “A Paisagem no Acervo da FAOP”, “Refluxo”, “Mapas da mutação: viajando pela América Latina” e “Memorial Sangue da Nossa Terra”, que reuniu obras de artistas ouro-pretanos e também de outras regiões. Essa exposição recebeu cerca de 2 mil visitantes ao longo do ano.
O ano foi encerrado com o tradicional Concurso Nacional de Presépios da FAOP, que alcançou a 49ª edição. O evento contou com votações do Júri técnico e popular. E mesmo à distância o público pôde escolher a sua obra preferida em voto online.