A Fundação de Arte de Ouro Preto (FAOP), vinculada à Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult), anunciou o vencedor pelo Júri Popular da 49ª edição do Concurso Nacional de Presépios. Ao todo, foram mais de 6 mil votos registrados de forma online e presencial que ocorreu na Galeria de Arte Nello Nuno, em Ouro Preto.
A ganhadora foi a obra “A Mágica Caixa de Luz do Natal. Tendo como matéria-prima principal folhas de papel A4, o presépio vitorioso é da artista ouro-pretana Ana Carolina Dias. Uma caixa de papelão de cereal reciclada, luzes de led reutilizadas de outro projeto (na ocasião, a artista transformou uma embalagem de azeitonas em lamparina), cola, tinta e ferramentas para cortar e pintar, também fizeram parte do processo de produção do presépio que levou a premiação de R$ 1 mil.
O presépio, como tradicionalmente é conhecido, mostra a cena do nascimento de Jesus, e ainda a chegada dos Três Reis Magos, seguindo a narrativa cristã. A caixa pintada em tons de azul, branco, preto e amarelo, tem iluminação própria e foi acoplada à representação de uma bíblia antiga. “Na verdade são trechos da bíblia impressos, em que usei pó de café para produzir o efeito de objeto antigo usado”, revela a autora da obra.
Ana Carolina, que até o momento leva a arte e o artesanato como um hobbie, conta que ficou muito feliz em receber a notícia de que havia ganhado, especialmente por acreditar que o concurso contribui para a preservação das tradições da comunidade. “Numa época tão difícil quanto a pandemia, é muito importante a gente manter as tradições, como os presépios e os tapetes de serragem. Então, agradeço a todos que votaram e parabenizo os artistas que participaram”, afirma.
Presépios também foram premiados por um Júri Técnico
Além de Ana Carolina, escolhida pelo Júri Popular, outros artistas também foram premiados. A comissão de funcionários e colaboradores da FAOP, que formou o chamado Júri Técnico, elegeu quais presépios ficariam em primeiro e segundo lugar nesta categoria em dezembro, logo na abertura da exposição na Galeria de Arte Nello Nuno.
2° Lugar pelo Júri Técnico da Fundação de Arte de Ouro Preto
O segundo lugar, que levou o prêmio de R$ 700,00, ficou com o “Natal Brilhante”, de Luiz Carlos Bento. O artista reúne algumas características em comum com Ana Carolina: é ouro-pretano e também escolheu utilizar, principalmente, materiais recicláveis para sua obra. Cordas, cabides, folhas de revista, e enfeites de Natal, unidos à muita criatividade, deram vida ao presépio, que chamou atenção dos jurados por sua originalidade.
O vencedor conta que aprecia a arte e a música, mas trabalha, na verdade, na Secretaria Municipal de Esportes e Lazer de Ouro Preto. Sobre sua inspiração para criar a obra, Luiz revela que sonhou com um lindo presépio, coberto por uma coroa brilhante, e tentou reproduzir com os materiais que imaginou que seriam adequados para compor a cena. “Eu acho que o presépio é a representação de uma passagem bíblica muito bonita, então com certeza fiquei muito feliz em ganhar e vou participar outros anos”, relata empolgado com o resultado.
Já o presépio campeão pelo Júri Técnico, que recebeu o prêmio de R$ 1 mil, foi nomeado como “Oxigênio”. A obra é do artista Yure Mendes, que trabalha com esculturas em ferro. É a quarta vez que ele participa da competição, e vence em uma das categorias pela terceira vez consecutiva. “Não sei de onde vem esse sentimento, talvez pela minha avó, mas criar presépios é algo que me inspira”, explica o ganhador.
Presépio eleito o campeão pelo Júri Técnico
Sua criação retrata um casal, segurando um bebê, ligados a tubos com plantas em pequenas estufas. A cena representa, naturalmente, Jesus, Maria e José, e a ideia do artista foi provocar uma reflexão sobre o cenário atual e a situação do mundo. “Eu queria usar a dinâmica do nascimento de Jesus e criar uma versão mais apocalíptica sobre tudo que estamos vivendo, a falta de preocupação com o planeta”, diz o artista.
Entretanto, Yure quis, ao mesmo tempo, passar uma mensagem de esperança: “a planta na mão de Jesus, fora das cópulas, representa que ainda há tempo de reestruturar e equacionar as questões do meio ambiente na Terra”.