Evento levou pela 1ª vez uma série de culturais afro do interior mineiro ao palco
Um divisor de águas para a cultura popular afromineira. Assim pode ser classificado o 1o Encontro Estado de Afromineiridade, realizado nesse sábado (30), que levou, pela primeira vez, diversas manifestações culturais afro para um dos maiores e mais importantes palcos do país, o Grande Teatro Cemig Palácio das Artes, em Belo Horizonte.
O evento realizado pela Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult), com o apoio da Fundação Clóvis Salgado e do Conselho Estadual de Política Cultural, integra as ações do Plano Descentra Cultura Minas Gerais, que objetiva municipalizar e democratizar o acesso aos bens e serviços da Cultura, com base nas diretrizes estabelecidas no Plano Estadual de Cultura, valorizando artistas, trabalhadores e trabalhadoras da Cultura, estimulando a geração de emprego e renda, com atenção especial à cultura popular e tradicional do estado.
No palco, uma série de apresentações artísticas gratuitas de Grupos de Congado, Capoeira, Terreiros, Samba, Batuque e Hip Hop, entre outros. Foram 10 apresentações de grupos, todos de diferentes regiões do interior de Minas Gerais.
Presente no evento, o secretário-geral do Governo de Minas Gerais, Mateus Simões, parabenizou a realização do evento e afirmou que quando se fala em afromineiridade, não há representação mais obvia e legitima que o Congado. “Seja na região dos vales, no nordeste mineiro, no norte, no triângulo, na zona da mata, no sul de minas, vamos encontrar a tradição presente em todo o estado. O congado é uma manifestação religiosa e, de alguma forma um espetáculo cultural, sim. Mas ele é essência do que é ser mineiro. Uma mescla e uma síntese de tudo aquilo que é o Brasil. É um orgulho receber o congado no palco do palácio das artes”, ressaltou.
Já o subsecretário de Cultura da Secult, Maurício Canguçu, ressaltou a importância do evento para a cultura mineira. “Se pensarmos que há 100 anos essa comunidade era marginalizada e hoje estamos aqui nesse símbolo do estado de Minas Gerais, o Palácio das Artes. E eu como artista, me emociono, sei da importância e do sinal que estamos passando para a sociedade receber esse evento, em um dos principais palcos do país. Estamos abrindo essa conversa para dar voz e vez, para criarmos uma agenda de oportunidades, discutir possibilidades, inserir a afromineiridade nas políticas públicas de cultura e reconhecer a importância dela”, pontou.
O idealizador do evento, Adriano Maximiano da Silva, titular da cadeira de Culturas Afro-brasileiras do Conselho Estadual de Política Cultural – Consec, enfatizou que o evento não é apenas um único espetáculo. “É a presença de uma ancestralidade no maior palco de Minas Gerais. É a celebração de algumas políticas culturais tratadas junto com a Secul, e estamos nessa festa, com mais 10 apresentações com grupos do interior de minas, todos os segmentos da cultura afro”, disse.
Um dos artistas a se apresentar, o cantor e compositor Nego Moura, afirmou que o encontro chancela o que deveria ter há muito tempo. “Que é os negros ocuparem os seus lugares por direito, pois o Brasil é um país miscigenado, onde a maioria da população é negra, mas ainda sofre pelo preconceito, as religiões de matrizes sofrem. Então, a ocupação de um espaço como esse é um divisor de águas para a cultura popular afromineira”, opinou.
Durante a abertura do evento, o presidente do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais – Iepha, Felipe Pires, anunciou que a instituição realizará, em breve, um cadastros das manifestações culturais afromineiras, como terreiros, por exemplo, e outras atividades, para serem inseridos em políticas públicas voltadas para a cultura em Minas Gerais.