Montagem celebra os 35 anos do Curso Técnico em Teatro do CEFART; Ingressos gratuitos disponíveis na Bilheteria do Palácio das Artes, a partir de duas horas antes de cada apresentação, com limitação de 100 espectadores por sessão
A Fundação Clóvis Salgado apresenta, por meio dos formandos do Curso Técnico em Teatro do Centro de Formação Artística e Tecnológica (Cefart), o espetáculo ...Incomoda, incomoda, incomoda…, que possui direção e dramaturgia de Rita Clemente. A peça tem pré-estreia exclusiva para convidados no dia 6 de julho de 2021, e temporada aberta ao público de 7 de julho de 2021 até 11 de julho de 2021, com sessões às 20h30 (quarta-feira a sábado), e às 19h (domingo), no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes. Além do evento presencial, que marca a reabertura dos espaços culturais da Fundação Clóvis Salgado, a peça será transmitida ao vivo durante toda a temporada, pelo Canal da FCS no Youtube.
...Incomoda, incomoda, incomoda… aborda a relação dos humanos com outros animais através do uso de arquétipos – conceito do campo da psicologia usado para condensar comportamentos humanos e funções sociais em personalidades “universais”. O espetáculo trata da urgência dos debates sobre os direitos dos animais, e a diretora revela não abordar a pauta apenas pela sua atualidade, mas com o objetivo maior de provocar uma reflexão sobre “como o animal humano trata os outros seres, os animais não humanos”.
As apresentações de ...Incomoda, incomoda, incomoda... são gratuitas e a classificação indicativa é de 16 anos. A lotação do teatro é limitada em 100 espectadores por sessão, que devem retirar os ingressos na Bilheteria do Palácio das Artes a partir de duas horas antes do início do espetáculo.
Tradição na formação de artistas
O espetáculo ...Incomoda, incomoda, incomoda... celebra os 35 anos do Curso Técnico em Arte Dramática do Cefart, voltado para a formação de atores e atrizes. Criado formalmente em 1986, o curso é validado pela Secretaria de Estado de Educação e tem reconhecimento nacional comprovado pela constante atuação dos alunos do Cefart em festivais nacionais e internacionais de teatro, nas programações de TV, no cinema (curtas e longas-metragens) e na formação de novos grupos.
A primeira turma a finalizar o curso, em 1989, estreou o espetáculo “A flor da obsessão – Fragmentos”, da obra de Nelson Rodrigues, com direção de Eid Ribeiro. No elenco, entre outros artistas, estavam Rita Clemente, diretora do atual espetáculo, Davi Dolpi e Iara Fernandes, que se tornaram professores do Cefart.
Entre diretores e professores, passaram pela Escola de Teatro: Ana Addad, Ana Jardim, Anderson Aníbal, Ângela Mourão, Antônio Melo, Carlos Gradim, Carlos Rocha, Carmen Paternostro, Cláudio Dias, Cristiano Peixoto, Elvécio Guimarães, Fernando Linares, Gil Amâncio, Gláucio Machado, Glicério do Rosário, Grupo Espanca, Ivanete Mirabeau, João das Neves, José Walter Albinati, Juliana Pautilha, Kalluh Araújo, Lenine Martins, Letícia Castilho, Lúcia Ferreira, Luiz Carlos Garrocho, Luiz Paixão, Marcelo Bones, Marcello Castilho Avellar, Marcos Voguel, Mariana Muniz, Marco Flávio Alvarenga, Marina Viana, Mauro Xavier, Mônica Ribeiro, Odilon Esteves, Paulinho Polika, Rita Clemente, Rodrigo Campos, Sérgio Marrara, Tarcísio Ramos, Walmir José.
Entre tantos Ex-alunos, estão: Alexandre de Sena, Alexandre Toledo, Ana Flávia Rennó, Ana Haddad, Anderson Aníbal, Assis Benevenuto, Camilo Lélis, Carolina Bahiense, Cristina Vilaça, Dimir Viana, Fernanda Ribeiro, Grace Pasô, Guilherme Marinheiro, Helena Mauro, Henrique Carsalade, Henrique Cordoval, Jefferson da Fonseca, Jussara Fernandino, Léo Quintão, Leonardo Bertholini, Lira Ribas, Luiz Arthur, Maicon Sipriano, Márcia Bechara, Márcia Torquato, Marney Hitmann, Neise Neves, Suzana Cruz, Thiago Amador.
Para Eliane Parreiras, presidente da Fundação Clóvis Salgado, "é muito especial voltarmos a vivenciar, de forma segura, a experiência cultural que é assistir presencialmente um espetáculo apresentado em um dos maiores teatros do Brasil. O Palácio das Artes e o Grande Teatro Cemig ocupam lugar afetivo no coração dos mineiros e por isso é bastante representativo comemorarmos aqui os 35 anos do Curso Técnico em Teatro do Cefart, responsável por formar diversas gerações de artistas que contribuem imensamente para as artes cênicas do país", celebra.
Segundo Marta Guerra, diretora do Cefart, foram muitos atores e atrizes, professores, diretores, dramaturgos, figurinistas, cenógrafos, maquiadores, que passaram pelo Centro de Formação Artística e pelos palcos do Palácio das Artes, tornando esse rico passado cultural referência sólida que reflete no trabalho atual. “São 35 anos de um caso de amor já consolidado! São muitas lutas, eliminação de barreiras, desafios diários e dores, mas também muitos prazeres emoldurados por uma força especial, através de muito estudo, dedicação, disciplina e autoconsciência na busca de quem nós somos”, comemora Marta Guerra.
A diretora destaca ainda que a Escola de Teatro do Cefart é mais do que uma usina de novos talentos, “É, principalmente, a eterna busca da excelência na formação de profissionais que seguirão trabalhando passo a passo pelo desenvolvimento pessoal e realizações artísticas, sempre dedicadas ao público”.
De acordo com pesquisa realizada por alunos da Fundação João Pinheiro em 2019, junto a alunos formados nos Cursos Técnicos em 2016, 2017 e 2018, 71,9% dos alunos formados nesses Cursos do Cefart trabalham em suas respectivas áreas de formação, sendo que 75% se inseriram no mercado de trabalho em menos de um ano após a formatura.
Com duração de três anos, o curso de teatro também oferece aos alunos atividades extracurriculares de treinamento e pesquisa em técnicas específicas – alguns também abertos a coletivos e ex-alunos ligados ao Cefart, nas áreas de Trilha Sonora, Projetos Culturais, Teatro Físico e Performance, Máscaras, Técnica Vocal e Leitura Dramática, ministrados por corpo docente capacitado.
Um elefante ferido no meio da rua
A fim de refletir sobre a relação que o ser humano estabelece com os animais, o espetáculo ...Incomoda, incomoda, incomoda… constrói sua narrativa a partir do encontro de pedestres com um elefante ferido, no meio da rua, que havia sido libertado por ativistas. Devido ao rumo imprevisto do plano dos ativistas, vários animais selvagens acabam soltos pela cidade: cria-se uma situação em que o ser humano deve lidar de forma direta, a partir de um acontecimento inusitado, com diversos animais. A peça faz parte do estudo sobre dramaturgia através da pesquisa em andamento Espirais invisíveis de vibração e caos, de Rita Clemente, que observa uma relação espiralada das cenas.
Para a composição da peça, a diretora trabalha com arquétipos essenciais na construção dos personagens, e revela como o uso desse recurso norteia a atuação dos formandos no espetáculo. “Partir da ideia de arquétipo é pensar um pouco sobre termos uma raiz, uma base para escolher, descobrir e criar personagens. Aproveitei essas ideias para que os atores tivessem uma experiência processual e treinassem a atuação”, explica. Segundo a diretora, à medida que alguns arquétipos são escolhidos e usados, contradições são criadas. Essas contradições geram outros personagens ou arquétipos, com personalidades mais profundas e até mesmo mais humanas.
Usando a potencialidade dos arquétipos na construção da narrativa, Rita Clemente ainda os relaciona, de forma inteligente e articulada, a expressões populares – como a frase “um elefante incomoda muita gente…” - para proporcionar ao público metáforas que abrem margem para a multiplicidade de interpretações acerca da história contada no palco. “A metáfora é produzida no encontro com quem assiste, vê, lê, e ouve a obra. Eu não faço as metáforas para o espectador, é ele quem estabelece as dimensões metafóricas da obra. Então, tento não fazer conclusões”, destaca.
A diretora conta que não criou a peça com a intenção normativa de “dizer o que é certo ou errado, já que a peça é muito mais profunda do que uma lição de moral”, mas busca lembrar que os humanos e outros animais compartilham características e capacidades semelhantes. “Proponho que os animais sejam um espelho para nós. Que nós possamos olhar para eles como se olha um reflexo, para que a gente se lembre que também somos animais. Para que a gente se lembre que eles estão vivos, que são seres cientes, que sentem assim como nós. Isso é uma proposição bem concreta e, a partir daí, existem trilhões de metáforas possíveis”, conclui a diretora.
Rita Clemente
Destacada atriz, diretora e dramaturga mineira, tem vasta experiência em teatro e incursões em televisão e cinema, sendo reconhecida por sua pesquisa acerca das possibilidades de diálogo entre os âmbitos teatral e musical. Formada pelo curso profissionalizante em Teatro da Fundação Clóvis Salgado, integrando a primeira turma da instituição, possui graduação em Música e mestrado em Artes pela Universidade do Estado de Minas Gerais. Rita assinou a direção de espetáculos como “Nesta Data Querida” (2003), “Inverno” (2014), “Mergulho” (2018), entre outros. Na televisão, estreou como atriz no seriado “A Cura” (2010) e fez parte do elenco das novelas “A Vida da Gente” (2011-2012), “Amor à Vida” (2013), e “Liberdade, Liberdade” (2016), todas pela TV Globo. No cinema, atuou nos longas-metragens “Pequenas Histórias” e “Batismo de Sangue”, do diretor Helvécio Ratton.
Cefart Virtual
A partir de abril de 2020, a Fundação Clóvis Salgado implementou a plataforma Cefart Virtual, em atendimento às determinações do Comitê extraordinário Covid-19 de Minas Gerais, para suspender as atividades presenciais em todas as instituições escolares. Por meio desse novo formato, foi possível dar continuidade aos cursos regulares de artes Visuais, dança, música, teatro e tecnologia da Cena. Foi criado um plano pedagógico e um percurso formativo para garantir a continuidade das atividades. Para facilitar o acesso de alguns alunos às aulas remotas, foi criado o “Programa de inclusão digital”, viabilizando a participação em atividades oferecidas pelo ensino à distância.
Como complemento às ações formativas, os alunos foram incentivados a participar de lives e palestras com conteúdo reflexivo. Foram realizados ainda o projeto educativo FCS e uma mostra virtual, no site da FCS, da Escola de tecnologia da Cena. Também de forma remota, duas turmas do Curso de teatro realizaram seus espetáculos de formatura, com apresentações teatrais ao vivo pelo canal do Youtube. Nesse período, o Cefart contou com mais de 13 mil participantes das atividades formativas nos cursos Básicos, técnicos, Complementares e de extensão.
O Cefart segue com as atividades virtuais, até que seja autorizado o retorno das atividades formativas presenciais, e, em paralelo, prepara sua estrutura e espaços para o retorno presencial gradativo.
Reabertura em segurança
A Fundação Clóvis Salgado estabeleceu uma série de normas para a volta das atividades de forma segura. Para evitar aglomerações, o teatro contará com sinalização nas áreas externas e internas. Também as cadeiras do teatro possuem lacre, indicando os assentos permitidos para manter o distanciamento entre as pessoas. O uso de máscaras – tanto para visitantes quanto funcionários – será obrigatório.
Todos os ambientes do Palácio das Artes serão higienizados diariamente antes da abertura ao público. Também são disponibilizados tapetes para a limpeza de calçados, assim como álcool em gel 70% para desinfecção das mãos. Para garantir maior segurança dos visitantes, a entrada de sacolas, mochilas e afins não é permitida, para diminuir a contaminação dos espaços.
Os frequentadores também deverão seguir recomendações como evitar aglomerar e conversar, manusear telefone celular, ou tocar no rosto durante a permanência no interior do centro cultural; cobrir o nariz e a boca ao tossir ou espirrar; realizar a higienização das mãos ao entrar e sair do espaço; seguir sempre as instruções dos funcionários e não frequentar o teatro caso apresente qualquer sintoma de resfriado ou gripe.
As atividades da Fundação Clóvis Salgado têm a correalização da APPA – Arte e Cultura e patrocínio master da Cemig, AngloGold Ashanti e Unimed-BH / Instituto Unimed-BH, viabilizado pelo incentivo de mais de 5,2 mil médicos cooperados e colaboradores, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.
Imagem: Paulo Lacerda