
Euclides da Cunha, escritor ícone da literatura brasileira, completaria hoje, 20 de janeiro de 2016, 150 anos. Apesar das adversidades de sua vida pessoal, ele conseguiu deixar um grande legado cultural e suas obras possuem importância não só no campo literário, mas na história, sociologia, filosofia, geografia e outros.
“O autor chamou muita atenção na mídia de sua época pelos seus problemas familiares, mas, em um momento de visibilidade pelos seus 150 anos, o que merece destaque é sua obra, que deve ser mais conhecida pelos jovens”, ressalta o Presidente da Academia de Letras, Olavo Romano.
Seu trabalho mais importante foi, sem dúvidas, “Os Sertões”. Considerado pré-determinista, o livro, divido em três fases [A Terra, O Homem e A Luta], trata da Guerra de Canudos, ocorrida em 1896, no interior da Bahia. O autor acompanhou parte do conflito de perto, quando correspondente do jornal O Estado de S. Paulo, trazendo para a sua obra figuras de linguagens, sempre focando no sofrimento e luta dos sertanejos.
Para Romano, o autor trouxe visibilidade ao Brasil, principalmente à política e ao Nordeste. “Euclides da Cunha foi um autor múltiplo e uma figura importante para a literatura brasileira. “Os Sertões” é um livro essencial e concede uma visibilidade maior ao Brasil. A Guerra de Canudos mobilizou a política e também a estrutura antes arcaica do Nordeste”, afirma.
Uma série de livros marcará o ano em que se comemora 150 anos do escritor. Em março, a Unesp começará a editar a prosa completa de Euclides, com acréscimos de inéditos, além de ensaios conhecidos em versões diferentes, organizado pelo pesquisador da Universidade da Califórnia, Leopoldo Bernucci.Além disso, o pesquisador publicará também seu livro “Um Paraíso Suspeitoso”, que tem como foco a relação entre o autor, o poeta colombiano José Eustasio Rivera e o brasileiro Alberto Rangel.
Baseado no diário de sua avó e mulher de Euclides, Anna Sharp retratará no romance "Vozes do Passado” o episódio trágico em que Euclides encontrou a mulher, S’Anninha, com o amante e depois de uma briga acabou sendo morto a tiros.
Valorizando o sertão mineiro
Inspirada pelo mesmo anseio do autor homenageado ao destacar o valor do sertão, a Secretaria de Estado de Cultura – SEC publicou no dia 03 de dezembro de 2015, no Diário Oficial, convênio com a Agência de Desenvolvimento Integrado e Sustentável do Vale do Rio Urucuia.
O incentivo será utilizado para viabilizar o Portal de Cultura Grande Sertão Veredas. A intenção é criar condições para transformar a trilha percorrida pelo caminho do sertão mineiro na primeira rota turística sócio-eco-literária de base comunitária do Brasil, por meio de articulações da cooperação interinstitucional.
As ações vão envolver a mobilização e articulação com as comunidades ribeirinhas, por meio de encontros abertos e diversas capacitações. Também será realizada a III Edição da Caminhada, “O Caminho do Sertão – De Sagarana ao Grande Sertão Veredas”, visando fortalecer a estratégia de ampliação de público do Encontro dos Povos do Grande Sertão Veredas.