
O Centro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte abre para o público no próximo dia 23 de julho, quinta-feira, a exposição “Leonilson: Truth, Fiction”. Com mais de 150 obras de José Leonilson Bezerra Dias, a mostra sob curadoria de Adriano Pedrosa, diretor artístico do MASP, faz um recorte dos trabalhos mais marcantes do artista plástico que foi um dos grandes nomes da “Geração 80”. Nascido em Fortaleza, em 1957, Leonilson faleceu em 1993, com apenas 36 anos. A exposição fica em cartaz gratuitamente no CCBB BH até 28 de setembro de 2015.
A mostra abrange pinturas, desenhos, bordados. A seleção se concentra na criação “madura” do artista, com obras feitas principalmente a partir de 1989, quando o artista tinha 32 anos. Alguns trabalhos pontuais de 1987 e 1988 foram incluídos neste panorama. Apesar de ter sido um expoente da chamada “Geração 80”, caracterizada, em geral, por pinturas figurativas em grandes formatos e de pinceladas e cores enérgicas, foi o que Leonilson fez a partir de 1989 que o tornou mais conhecido e reconhecido na história da arte contemporânea.
O recorte curatorial volta o foco para estes últimos cinco anos de vida de Leonilson, em que se acentuam as qualidades sintéticas ou “minimalistas” da produção do artista. As obras passam a ser cada vez mais autobiográficas, com maior presença de palavras e frases. Os bordados e desenhos, muitas vezes realizados com poucos traços e formas, passam a explorar o suporte, ampliando o vazio.
A produção desse período é como um diário do artista, testemunho do seu tempo, “cheia de referências íntimas e cotidianas, construindo um vocabulário muito próprio e refinado, com um singular repertório de imagens, narrativas e temas”, como descreve Pedrosa. O título da exposição “Truth, Fiction” [verdade e ficção, palavras escritas no desenho “Favorite game”, de 1990] propõe investigar as maneiras pelas quais a obra do artista se constitui, tanto da apropriação ou de referências do real como dos exercícios de fabulação. Por exemplo: Leonilson justapõe conteúdos autobiográficos e ficcionais e mistura a agenda pública dos noticiários com episódios da vida privada.
O curador Adriano Pedrosa dividiu a mostra em seis núcleos que consideram aspectos formais, temáticos, técnicos ou temporais, ao invés de escolher a linha cronológica de montagem: “Diário”, “As geografias”, “As geometrias e As Matemáticas”, “Os brancos”, “1991” e “As ilustrações”, dedicado às ilustrações que Leonilson publicou no jornal Folha de São Paulo, entre 1991 e 1993.
Apesar da divisão em módulos, Pedrosa afirma: “os temas se contaminam, se conectam e se sobrepõem: há diários cartografados, mapas geométricos (ou mapas que são retratos), geometrias brancas, brancos que são páginas de diário ou autorretratos. Afinal, levar em conta o jogo favorito de Leonilson, entre verdade e ficção, implica ser permeável a diferentes leituras, interpretações, cruzamentos, correspondências e organizações da obra”.
Atividades de formação
Na montagem da exposição, entre 16 e 21 de julho, será realizada uma ação formativa com estudantes de artes de Belo Horizonte. A produção convidará seis alunos por turma, em dois turnos por dia, para acompanhar a montagem junto ao curador, Adriano Pedrosa. Os estudantes acompanharão desde a retirada das obras das caixas, a passagem pelo laudo técnico e a fixação nas paredes, tendo contato pela primeira vez com a obra do artista.
Sobre Leonilson
José Leonilson Bezerra Dias nasceu em Fortaleza, Ceará, em 1957. Com quatro anos, mudou-se com a família para São Paulo. Estudou Artes Plásticas na Faap, sem concluir o curso. Passou a fazer acompanhamento de trabalho na Aster, escola de Julio Plaza, em 1980, um ano depois de começar a desenvolver uma produção plástica. Tornou-se um dos grandes destaques do grupo “Geração 80”, que revolucionou o meio artístico brasileiro. Mas foi nos seus últimos cinco anos de trabalho que se firmou como expoente da história da arte contemporânea. Leonilson participou das Bienais de São Paulo e de Paris de 1985 e de feiras internacionais de arte. Seu currículo soma dezenas de exposições no Brasil e no exterior.
Pela instalação na Capela do Morumbi e por outra individual no mesmo ano [1993] recebeu homenagem póstuma e prêmio da Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA), em 1994. Cinco anos após seu falecimento, o artista foi homenageado com uma sala especial na Bienal de São Paulo de 1998. Sua obra é tema de diversos trabalhos acadêmicos, entre eles, “Leonilson: a natureza do sentir”, de Carlos Eduardo Bitu Cassundé, para o programa de pós-graduação em Artes 2010, pela UFMG | Escola de Belas Artes.
No ano de sua morte, familiares e amigos fundaram o Projeto Leonilson [projetoleonilson.com.br], com o objetivo de organizar os arquivos do artista e de pesquisar, catalogar e divulgar seu trabalho.
Leonilson tem obras nas seguintes acervos institucionais brasileiros e estrangeiros:
Museu de Arte de Brasília, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, Museu de Arte Contemporânea do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, Museu de Arte Contemporânea de Niterói | Coleção João Sattamini, Los Angeles County Museum, Museu Nacional de Belas Artes, Museum of Modern Art New York, Museu de Arte do Rio Grande do Sul, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Museu de Arte Moderna da São Paulo, Museu da Gravura da Cidade de Curitiba, Städtische Galerie [Munique], Centre National d’Art et de Culture Georges Pompidou [Paris], Tate Modern Gallery [Londres], Coleção Deustsche Bank, Instituto Itaú Cultural, Instituto Moreira Salles, Pinacoteca do Estado de São Paulo, Museu Nacional de Belas Artes de Buenos Aires, Museo de Arte Contemporáneo de Castilla y Léon [León, Espanha], Museu de Arte Contemporânea de Barcelona, Fundação Caixa Geral de Depósitos [Lisboa], Instituto Inhotim, Fundação Cisneros, Museu Serralves | Coleção de desenhos da Madeira Corporate Services [Porto, Portugal] e Museu Victor Meirelles [Florianópolis].
SERVIÇO:
Exposição “Leonilson: Truth, Fiction”
Abertura para convidados: 22 de julho, 19h30
De 23 de julho a 28 de setembro de 2015
Quarta à segunda, de 9h às 21h
Local: Centro Cultural Banco do Brasil (Praça da Liberdade, 450 – Funcionários)
Classificação etária: Livre
Acesso gratuito