
A palestra do dia 29 de abril das “Quartas Italianas na Casa Fiat de Cultura” traz ares literários do romantismo histórico italiano, por meio do romance responsável pela construção da língua italiana como é conhecida hoje: I Promessi Sposi (Os noivos), de Alessandro Manzoni. O especialista em literatura italiana e professor da Fundação Torino, Umberto Casarotti, traz ao público detalhes históricos desse que foi o primeiro romance moderno da língua e proporcionou uma revolução linguística. A palestra será realizada às 19h30, sujeita à lotação (200 lugares), e conta com tradução simultânea. “Quartas Italianas” é um projeto da Casa Fiat de Cultura, da Fundação Torino e do Consulado Italiano em Belo Horizonte que busca apresentar marcos da cultura e da história italiana que influenciaram o pensamento e o contexto artístico mundiais.
Movido pelo desejo patriótico de escrever em uma linguagem que fosse acessível ao grande público, em vez de uma pequena elite, Manzoni decidiu compor seu romance em um idioma tão próximo quanto possível ao discurso fiorentino. Para isso, trabalhou arduamente em uma limpeza na língua em três versões do romance I promessi sposi. A edição final (1840-1842), realizada em prosa clara e expressiva, elimina vocabulário e retóricas antiquados. O resultado foi a capacidade de atingir um público amplo, como idealizado pelo escritor. Sua escrita consolidou-se e tornou-se modelo para os escritores que viriam na sequência.
O palestrante Umberto Casarotti explica que a língua italiana, no sentido como é conhecida na atualidade, só foi possível após a contribuição de Manzoni em I promessi sposi. “O escritor foi capaz de realizar uma intensa análise linguística e “limpar” a língua de forma a não ter tantas referências elitizadas e de outras línguas, utilizando uma linguagem mais coloquial”, ressalta. A palestra fará uma breve introdução ao romantismo europeu e italiano, passará brevemente pela vida do autor e se concentrará na análise linguística da obra, que possibilitou uma transformação literária na época. Embora Dante Alighieri tenha sido o primeiro a escrever em um língua vulgar, Manzoni foi o responsável por unificar a língua italiana.
Considerado um legítimo exemplar do Romantismo Histórico Italiano, I pormessi sposi conta a história de dois amantes que enfrentam vários desafios para tentar se casar na Lombardia, entre 1628 e 1632. Renzo e Lúcia eram camponeses analfabetos, impedidos de se unirem por um fidalgo apaixonado por Lúcia. Embora seja um romance, o livro não é uma simples representação amorosa. Manzoni traz para seu texto episódios sociais e históricos. Questões como a influência da Igreja sobre a Europa e o domínio da nobreza sobre a plebe também são retratadas.
Para o presidente da Casa Fiat de Cultura, José Eduardo de Lima Pereira, “o tema da palestra de Umberto Casarotti interessa a todos que queiram se aproximar da cultura italiana, pois o romance de Manzoni, além de sua importância linguística, foi também muito importante para o próprio processo de unificação política da Itália”. Isso porque a unicidade da língua contribui diretamente para o sentimento de nação. Até então, a Itália era composta por diversos reinos e desejava-se que eles se tornassem um só Estado, visando a melhoria e facilidade nas transações comerciais.
Após a Unificação da Itália no século XIX, apenas 2,5% da população falava o italiano, o que destacava as disparidades regionais. Embora muitos ainda fossem analfabetos, a unificação italiana, no decorrer dos anos, proporcionou alfabetização e educação para classes além da burguesia, o que contribuiu para que mais pessoas tivessem acesso a obras como I Promessi Sposi, que após a publicação contou com outros livros que seguissem sua unidade linguística. Além disso, por se tratar de uma obra histórica e nacionalista, o sentimento de que todos faziam parte de uma mesma pátria fazia-se consolidado e reforçado. “A palestra é uma oportunidade única de se aprofundar sobre uma das obras mais fantásticas da literatura italiana que teve uma relevância tão grande no sentido linguístico e político italianos”, acrescenta a diretora geral da Fundação Torino, Márcia Naves.
Outras duas palestras integram a primeira edição do evento. As inovações teatrais de Pirandello, como o teatro do grotesco, o teatro do absurdo e a teoria do humor, serão abordadas por Ricardo Cassoli no dia 13 de maio. Para encerrar, Luciano Sepulveda retorna no dia 27 de maio para que o público possa compreender a grande revolução artística realizada pelo gênio do Barroco Italiano: Caravaggio.
As “Quartas Italianas na Casa Fiat de Cultura” vão estimular o público a se aprofundar em temáticas relevantes da cultura italiana. Todas as palestras contam com renomados profissionais da Fundação Torino, instituição que contribui na difusão da cultura italiana no Brasil, e apoio do Consulado Italiano em Belo Horizonte.
Casa Fiat de Cultura
Instalada na Praça da Liberdade, onde integra o conjunto arquitetônico e histórico do Palácio da Liberdade e o Circuito Cultural Praça da Liberdade, a Casa Fiat de Cultura é considerada um dos mais importantes espaços para discussão e exposição das artes no Brasil, destacando-se pelo alto valor histórico, artístico e educativo de sua programação.
Com nove anos de atuação, 17 exposições e mais de 700 mil visitantes, a Casa Fiat de Cultura é responsável por reunir acervos dos mais importantes museus e coleções do Brasil e do mundo. A instituição realiza programa de palestras, sessões de cinema e atividades educativas, e se destaca por oferecer experiências qualificadas e enriquecedoras para todos os públicos, contribuir para a formação de público, ampliar o acesso à produção artística brasileira e internacional e promover o desenvolvimento humano e social. Sempre com programação gratuita, entre seus objetivos estão a valorização do patrimônio, a promoção da circulação e acesso aos bens culturais e a difusão das culturas brasileira e mundial.
Fundação Torino
A Fundação Torino se desdobra em dois segmentos: Escola Internacional da educação infantil ao ensino médio/técnico, regulamentada pelos governos brasileiro e italiano, com alfabetização bilíngue e ensino de outros três idiomas ao longo do percurso escolar. Recebeu 132 novos alunos no ano de 2015, totalizando 1254 alunos. E o Centro de Língua e Cultura Italiana, que, além de se ocupar do ensino do idioma italiano e também do português para estrangeiros, promove diversas atividades culturais (projeções cinematográficas, cursos de gastronômicos, etc) referentes à Itália. Hoje está presente em três pontos da cidade: Belvedere, Prado e Savassi, com 330 alunos distribuídos entre os cursos regulares, de férias e in company. A Fundação Torino recebeu, em 2014, o 3º lugar no Prêmio Cultura Empreendedora do SEBRAE-MG, por seu projeto de Novas Tecnologias e também o Prêmio Construindo a Nação por meio do projeto pedagógico Generocídio – um mapa virtual da violência contra a mulher.
A Fundação Torino atua como Escola Internacional, do ensino materno ao médio, regulamentada pelos governos brasileiro e italiano, oferecendo dupla diplomação aos seus alunos. Há 40 anos reconhecida pela consolidada tradição científica e humanística, possibilita o ingresso dos alunos nas mais conceituadas universidades do Brasil e da União Europeia, além de prepará-los para os exames de seleção das melhores universidades americanas. Atuando também como Centro de Língua e Cultura Italiana, oferece o ensino do idioma italiano e do português para estrangeiros e promove diversas atividades culturais (projeções cinematográficas, cursos gastronômicos, etc) referentes à Itália. As ações educacionais da Fundação Torino ultrapassam seus muros, a exemplo do Atentado Poético, iniciativa inspirada no site www.bookcrossing.com, voltado para a troca de livros e experiências de leitura, que hoje evoluiu trazendo as várias conexões da poesia com outros temas, como música, arte e fotografia.
Serviço
Quartas italianas na Casa Fiat de Cultura
“I Promessi Sposi” di Alessandro Manzoni, 29 de abril, às 19h30
Prof. Umberto Casarotti, Formado em Literatura Italiana. Ensina Literatura Italiana na Fundação Torino, é palestrante e autor de várias publicações, em particular sobre Giacomo Leopardi.
(Palestra ministrada em italiano, com tradução simultânea)
“Pirandello e il Teatro moderno”, 13 de maio, às 19h30
Prof. Riccardo Cassoli, Formado em Literatura italiana, palestrante, pesquisador. Ensina Literatura Italiana na Fundação Torino e é Diretor Didático da Escola Internacional “Fundação Torino”.
(Palestra ministrada em italiano, com tradução simultânea)
“Caravaggio”, 27 de maio, às 19h30
Prof. Luciano Sepulveda de Souza, Formado em Licenciatura Plena em Educação Artística pela UnB (Universidade de Brasília), Pós-Graduação em Técnicas antigas e modernas de decoração pictórica e História da Arte pelo “Istituto Statale d’Arte di Firenze (Itália). Leciona na Fundação Torino.
Entrada Gratuita
Auditório da Casa Fiat de Cultura
Praça da Liberdade, 10, 4º andar – Funcionários – BH/MG
Espaço sujeito à lotação (200 lugares)