A ópera sempre ofereceu rico material para inspiração a outros compositores. Uma das mais influentes é a Carmen de Bizet. É impressionante como várias de suas passagens influenciaram o virtuosismo de Pablo de Sarasate, assim como o “ouvido” contemporâneo de Rodion Schchedrin. A violinista Rachel Barton Pine retorna ao palco da Filarmônica de Minas Gerais para interpretar outras variações sobre temas operísticos, desta vez do Fausto de Gounod, também de Sarasate.
A apresentação é no dia 19 de agosto, às 18h, na Sala Minas Gerais, com regência de José Soares, maestro associado da Orquestra. Este é um concerto da série “Fora de Série”, que, em 2023, com o tema Segundas Opiniões, explora como compositores contribuíram com novas interpretações de obras de outros artistas. Os ingressos estão à venda no site da filarmônica e na bilheteria da Sala Minas Gerais.
Este projeto é apresentado pelo Governo de Minas Gerais e Ministério da Cultura, e conta o patrocínio da Porto Seguro e da ArcelorMittal, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Apoio: Circuito Liberdade. Realização: Instituto Cultural Filarmônica, Secretaria Estadual de Cultura e Turismo de MG, Governo do Estado de Minas Gerais, Ministério da Cultura e Governo Federal.
Sobre a violinista Rachel Barton Pine
Interessada pelas grandes obras-primas clássicas e por peças contemporâneas, a violinista Rachel Barton Pine se destaca por suas performances calorosas e por seu importante trabalho de resgate histórico de compositores e compositoras negras. Como solista, apresentou-se com muitas orquestras prestigiadas, incluindo as sinfônicas de Chicago, Viena e Detroit, a Orquestra da Filadélfia, a Royal Philarmonic e a Camerata Salzburg. Entre os regentes com quem colaborou estão Zubin Mehta, Erich Leinsdorf, Neeme Järvi, Marin Alsop e Neville Marriner.
Pine possui uma extensa discografia de 39 discos, tendo alguns deles figurado no topo da classificação da Billboard Classical. Venceu vários dos principais prêmios mundiais, incluindo uma medalha de ouro na Competição Internacional Johann Sebastian Bach, em 1992. Mantém a Rachel Barton Pine Foundation, que realiza ações de incentivo à carreira de jovens músicos e desenvolve, há duas décadas, o projeto Music by Black Composers, que já recuperou mais de 900 obras de aproximadamente 450 compositores negros do século XVIII até os dias atuais.
Repertório
Pablo Sarasate (Pamplona, Espanha, 1844 – Biarritz, França, 1908) e a obra Fantasia sobre temas da "Carmen" de Bizet, op. 25 (1881)
No século XIX, o violino era o instrumento melodioso por excelência, e Pablo de Sarasate foi, sem dúvidas, um de seus expoentes máximos. Com técnica fluida, equilíbrio, nobreza e precisão, o espanhol radicado na França conquistou plateias em toda a Europa e nas Américas, realizando muitas turnês e temporadas de concertos ao longo de seus 64 anos de dedicação à música. Naquela época, esperava-se dos grandes virtuoses que apresentassem composições de sua autoria, e Sarasate logo tornou-se conhecido por um repertório próprio de fantasias sobre temas operísticos.
Sua Fantasia sobre temas da "Carmen", inspirada na criação de Georges Bizet, conquistou um lugar cativo no repertório violinístico. Carmen foi a última ópera escrita por Bizet e, ao contrário das anteriores, não contou com uma recepção muito positiva em sua estreia, em 1875. A Fantasia de Sarasate mudou esse cenário logo na década seguinte, contribuindo para a sua popularização. Dividida em cinco movimentos, todos inspirados em temas que fazem referência direta à tempestuosa protagonista, a obra se destaca pela inventividade, pela costura sutil entre momentos díspares do trabalho original e, como de praxe em se tratando de Sarasate, pelo exímio domínio técnico do instrumento solista.
Pablo Sarasate (Pamplona, Espanha, 1844 – Biarritz, França, 1908) e a obra Nova fantasia sobre Fausto, op. 13 (1874)
O compositor espanhol Pablo de Sarasate ficou tão arrebatado pela ópera Fausto, de Charles Gounod, que escreveu duas fantasias sobre temas da obra. A segunda delas, Nova fantasia sobre Fausto, foi composta originalmente em 1874 para violino e piano, mas o compositor logo fez também uma versão para solista e orquestra.
A obra começa com um acorde dramático no piano e, em seguida, o instrumento solista entra com uma passagem radiante. Depois da abertura, Sarasate segue para a música do segundo ato da ópera, quando Fausto já fez seu pacto com o demônio Mefistófeles. Mefistófeles canta a ária Le veau d’or, que Sarasate traduz para o violino com rigor e beleza. O tema final da obra vem da famosa Valsa de Fausto.
Rodion Shchedrin (Moscou, Rússia, 1932) e a obra Suíte da "Carmen" de Bizet (1967)
Nascido em 1932, em Moscou, onde vive até hoje, Rodion Shchedrin é o mais reconhecido compositor russo da segunda metade do século XX. Aliando o trabalho acadêmico a produções de cunho abertamente popular, Shchedrin construiu uma obra marcada pela exploração das tradições musicais e literárias de sua terra natal e pelo trânsito por diversos gêneros e linguagens.
Dentre suas produções para o palco, a suíte da ópera Carmen, de Georges Bizet, é uma das mais queridas e executadas desde sua estreia, em 1967. Pensada como acompanhamento para um balé coreografado por Alberto Alonso, do Balé Nacional de Cuba, foi a primeira peça que Shchedrin escreveu para sua esposa Maya Plisetskaya, na época a primeira bailarina do Teatro Bolshoi.
Trata-se de uma transcrição brilhante, na qual a exuberância das texturas de Bizet é mantida, ao mesmo tempo em que são complementadas com novos recursos orquestrais. Nesse sentido, uma das características mais marcantes da releitura de Shchedrin é a sua opção incomum por manter apenas as cordas e a percussão no corpo da orquestra, mas também conferir potência extra a ambas, ampliando o número de músicos nas cordas e lançando mão de uma gama imensa de instrumentos de percussão.
Serviço
Fora de Série: Segundas Opiniões – Revisitando Carmen e Fausto
Data: 19/08
Horário: 18h
Local: Sala Minas Gerais - Rua Tenente Brito Melo, 1.090, Barro Preto - Belo Horizonte
Ingressos: R$ 50 (Coro), R$ 50 (Terraço), R$ 50 (Mezanino), R$ 70 (Balcão Palco), R$ 90 (Balcão Lateral), R$ 120 (Plateia Central), R$ 155 (Balcão Principal) e R$ 175 (Camarote).
Ingressos para Coro e Terraço serão comercializados somente após a venda dos demais setores. Meia-entrada para estudantes, maiores de 60 anos, jovens de baixa renda e pessoas com deficiência, de acordo com a legislação.
Funcionamento da bilheteria:
Dias sem concerto
3ª a 6ª — 12h a 20h
Sábado — 12h a 18h
Dias com concerto
12h a 22h — quando o concerto é durante a semana
12h a 20h — quando o concerto é no sábado
09h a 13h — quando o concerto é no domingo
Informações: (31) 3219-9000 ou www.filarmonica.art.br
Foto: Lisa Marie Mazzucco