Iniciativa da Secult para proteger a Cultura Afro em Minas Gerais propõe série de reflexões sobre a história do povo negro
Importante iniciativa para compreender e reconhecer a complexidade das contribuições dos grupos de matriz africana que formam as culturas mineiras, o Programa de Proteção da Cultura Afro em Minas Gerais contou com mais uma importante ação para debater a importância dos povos negros na formação da identidade cultural do estado. Foi realizado na quarta-feira (30/3), o fórum de discussão “Afromineiridades: extensões e limites de uma categoria em construção”.
O debate foi conduzido pelo grupo de trabalho composto por membros indicados por entidades representativas e outros participantes. O Fórum foi o momento de escutar os grupos detentores de bens culturais, com o objetivo de conhecer suas realidades, identificando quais suas principais demandas e necessidades, a fim de garantir sua salvaguarda. O fórum foi transmitido ao vivo pelo Canal de YouTube da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult) e pode ser conferido AQUI.
Durante o encontro virtual, foi possível também abordar conceitos importantes relacionados à noção de patrimônio cultural e suas diversas manifestações e o seu sentido de preservação para a sociedade e como preservar as referências culturais relevantes para os grupos de matrizes africanas. Conceitos como memória e identidade coletiva, diversidade cultural, cidadania e sustentabilidade, associados à trajetória das comunidades pautaram todo o trabalho desta tarde.
A participante Pedrina Santos, Capitã de Massambike de Oliveira – MG; lembrou que a presença da religiosidade também está dentro desse conceito que é visto quase sempre pelo lado cultural. Para ela a religião é muito presente nessas manifestações. A líder quilombola Mírian Aprígio, do Quilombo dos Luizes, destacou a importância de trazer essa cultura tão diversa e diversificada para o debate e entender sua presença dentro da cultura regional que nos cerca.
O Programa de Valorização da Cultura Afro em Minas Gerais – Afromineiridades – tem como objetivo gerar reflexões e debates acerca da noção de afro-mineiridade e sua presença em nossa sociedade, identificando quais as demandas e proposições para a proteção e valorização dos bens culturais relacionados à cultura afro em Minas Gerais e no Brasil.
O Programa está dividido em quatro ações que ocorrerão nos meses abril, maio e junho deste ano, sendo a primeira delas a deste mês e as próximas pautadas pelos temas: Seminário sobre a proposta de Registro dos Congados e Reinados de Minas Gerais como Patrimônio Cultural Imaterial; Seminário sobre a proposta de Registro das Comunidades Quilombolas em contexto urbano de Minas Gerais como Patrimônio Cultural Imaterial; Seminário sobre a proposta de Mapeamento dos Povos e Comunidades de Terreiro de Minas Gerais.
Cada uma dessas ações contará com eventos específicos organizados no modelo de “Fórum de escuta”, metodologia já utilizada pelo IEPHA-MG que permite identificação das principais demandas e necessidades dos representantes de cada segmento identitário.
Além do Fórum, uma mesa de debate permitirá uma escuta e reflexão qualificada a fim de se aprofundar a discussão sobre o conceito que atravessa a proposta como um todo: as afromineiridades.
O Afromineiridades – Programa de Proteção da Cultura Afro em Minas Gerais é uma iniciativa da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult) e do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG). O programa foi lançado na terça-feira (29/3), durante solenidade presencial no Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte.
A partir do Programa de Proteção da Cultura Afro em Minas Gerais, a Secult e o Iepha propõem uma série de eventos, debates e interações com lideranças políticas, intelectuais negros, comunidades quilombolas e povos de terreiro visando criar caminhos para melhor entendimento dos conhecimentos afromineiros que trazem especificidades em relação aos saberes especializados, manifestações culturais, cosmovisões e modos de vida específicos.