Os museus e seus acervos são resultados das sociedades que os produziram, a partir de escolhas e narrativas que lhes conferem sentido. Essa relação entre Museu e Sociedade se dá na medida em que essas instituições estabelecem diálogos com a comunidade por meio de um exercício constante de (re)interpretar acervos, (re)imaginar ações e (re)existir narrativas. A partir da perspectiva de diálogos institucionais, o Museu Mineiro, no Circuito Liberdade realiza a live “Diálogos possíveis: Museu Mineiro (MM) e Museu dos Quilombos e Favelas Urbanos | MUQUIFU”, que acontece na segunda-feira (28/), às 17h, com transmissão pelo canal do Youtube do Museu Mineiro.
Tendo como ponto de partida essas premissas, algumas questões se estabelecem: que desafios do mundo contemporâneo precisamos considerar neste processo de (re)interpretar, (re)imaginar e (re)existir? Como estabelecer o distanciamento necessário em relação aos acervos e discursos para, em seguida, nos reaproximarmos deles? Participarão do evento Rafael Perpétuo, coordenador do Museu Mineiro; André Caviola, coordenador do educativo dos museus estaduais; Padre Mauro Luiz, curador do MUQUIFU e Cleiton Gos, artista, educador e mediador.
Como forma de ajudar a refletir sobre estes questionamentos no âmbito do Museu Mineiro, Rafael Perpétuo, coordenador da instituição, convidou o Museu de Quilombos e Favelas Urbanos | MUQUIFU, representado pelo Padre Mauro Luiz, curador da instituição, e por Cleiton Gos, artista, educador e mediador, para visitar o Museu Mineiro. Em momento posterior, a equipe educativa do Museu Mineiro e sua coordenação puderam retribuir a visita, estabelecendo uma espécie de intercâmbio entre as duas instituições.
A parceria entre o Museu Mineiro e o MUQUIFU torna ampla a interação e a troca de experiências entre duas formas de musealizar os objetos, histórias e memórias. Une dois museus que apresentam a representatividade mineira através de diferentes momentos históricos e perspectivas.
Apesar de ambas as instituições estarem localizadas na cidade de Belo Horizonte, as histórias que lhe deram origem são bem distintas e hoje se atravessam por meio dessa ação. O Museu Mineiro está localizado em espaço privilegiado da capital, próximo à Praça da Liberdade e dentro dos limites da cidade originalmente planejada. Tendo sido inaugurado em 1982, a sua constituição deve-se a uma lei estabelecida ainda no início do século XX. Atualmente, seu acervo é composto por imagens sacras, instrumentos litúrgicos, mobiliário, moedas, armas e achados arqueológicos. São mais de 3.500 peças, incluindo o acervo da Pinacoteca do Estado.
Já o MUQUIFU é comunitário em sua gênese e concepção museológica. Está situado fora da cidade planejada, em uma região de divisa entre bairros de classe média, classe média alta e o Aglomerado Santa Lúcia, que compreende três vilas: Vila Estrela, Vila Santa Rita de Cássia (Morro do Papagaio) e Barragem Santa Lúcia. No espaço do museu, além de seu importante papel social na comunidade, o que há de mais valioso são as tradições culturais e a memória dos moradores da região, que doaram - e continuam a doar - seus objetos para constituir o acervo do Museu. São fotografias, objetos, imagens de festas, celebrações e histórias que nos dizem muito sobre as tradições e a vida cultural dos moradores locais e que, em grande medida, refletem o cotidiano dos cidadãos residentes em quilombos e favelas urbanos em nosso país.
Museu Mineiro
Localizado na Avenida João Pinheiro, corredor de acesso à Praça da Liberdade, em Belo Horizonte, o Museu Mineiro está instalado em um edifício eclético construído em fins do século XIX pela Comissão Construtora da Nova Capital. Tendo sido construída para servir de residência para o Secretário da Agricultura, a edificação serviu de sede para o Senado Mineiro, foi a Pagadoria Geral do Estado até se tornar a sede do Museu Mineiro.
Inaugurado em 1982, o Museu Mineiro reúne em seu acervo um conjunto bastante diversificado de objetos referentes à história e à produção cultural e artística mineiras. Nas salas de exposição são exibidas obras de artistas consagrados, tais como: Manoel da Costa Ataíde, Yara Tupynambá, Amílcar de Castro, Jeanne Milde, Inimá de Paula, Lótus Lobo, Celso Renato, Sara Ávila, Guignard, Maria Helena Andrés, Di Cavalcanti etc.
Atualmente, o Museu exibe a exposição de longa duração “Minas das Artes, Histórias Gerais”, onde o visitante tem a oportunidade de conhecer uma vasta coleção de arte sacra, datada dos séculos XVIII e XIX, além de preciosidades do acervo, como a bandeira da Inconfidência Mineira, os manuscritos originais da obra “Tutaméia” de Guimarães Rosa, o retrato de Aleijadinho e a coleção de santos de devoção popular.
Serviço:
Live “Diálogos possíveis: Museu Mineiro e Museu dos Quilombos e Favelas Urbanos | MUQUIFU”
Data: 23 de agosto de 2021
Horário: 17h
Local: Canal do Youtube do Museu Mineiro