Nos dias 19 e 20 de agosto a Filarmônica de Minas Gerais divide o palco com o grande violonista brasileiro Fabio Zanon e apresenta um dos concertos mais marcantes para o instrumento, o Concerto para violão nº 1 em Ré maior, op. 99, de Castelnuovo-Tedesco. No mesmo programa, a Suíte Antiga, op. 11 do brasileiro Alberto Nepomuceno é explorada pelo naipe de cordas da Orquestra. Na celebração dos 100 anos de morte do francês Camile Saint-Saëns, a Principal Flautista da Filarmônica de Minas Gerais, Cássia Lima, interpreta duas das peças mais charmosas de sua vasta obra: Romance, op. 37 e Odelette, op.162. A condução do concerto é do regente assistente da Filarmônica, maestro José Soares.
O concerto será transmitido ao vivo pelo canal da Filarmônica no YouTube, na quinta-feira, dia 19. De acordo com o protocolo de segurança implementado na Sala Minas Gerais, que prevê a ocupação de 393 lugares, os concertos desta semana contarão, neste momento, apenas com a presença dos assinantes, que adquiriram seus ingressos antecipadamente. Em função das medidas de segurança, o acesso à Sala será encerrado cinco minutos antes do horário do concerto, nas duas apresentações; assim, as portas serão fechadas às 20h25.
Durante o intervalo da apresentação serão realizados os Concertos Comentados, palestras em que especialistas comentam o repertório da noite. A curadoria do projeto é do percussionista da Orquestra, Werner Silveira, e o convidado é o violonista, professor e produtor cultural Celso Faria.
Este projeto é apresentado pelo Ministério do Turismo, Governo de Minas Gerais, CBMM, Itaú e Cemig, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Realização: Instituto Cultural Filarmônica, Secretaria Estadual de Cultura e Turismo de MG, Governo do Estado de Minas Gerais, Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo e Governo Federal.
José Soares, regente
Natural de São Paulo, José Soares é Regente Assistente da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais desde 2020. Iniciou-se na música com sua mãe, Ana Yara Campos. Estudou Regência Orquestral com o maestro Cláudio Cruz, em um programa regular de masterclasses em parceria com a Orquestra Sinfônica Jovem do Estado de São Paulo. Participou como bolsista nas edições de 2016 e 2017 do Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão, sendo orientado por Marin Alsop, Arvo Volmer, Giancarlo Guerrero e Alexander Libreich. Recebeu, nesta última, o Prêmio de Regência, tendo sido convidado a atuar como regente assistente da Osesp em parte da temporada 2018, participando de um Concerto Matinal a convite de Marin Alsop. Foi aluno do Laboratório de Regência da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, sendo convidado pelo maestro Fabio Mechetti a reger um dos Concertos para a Juventude da temporada 2019. Em julho desse mesmo ano, teve aulas com Paavo Järvi, Neëme Järvi, Kristjan Järvi e Leonid Grin, como parte do programa de Regência do Festival de Música de Parnü, Estônia. Atualmente cursa o bacharelado em Composição pela Universidade de São Paulo.
Cássia Lima, flauta
Cássia é Bacharel em Flauta pela Unesp e concluiu seu mestrado e Artist Diploma na Mannes College of Music, Nova York. Foi aluna de João Dias Carrasqueira, Grace Busch, Jean-Nöel Saghaard, Marcos Kiehl e Keith Underwood. Participou dos principais festivais de música do país e venceu concursos importantes, como o II Concurso Nacional Jovens Flautistas, o Jovens Solistas da Orquestra Experimental de Repertório, a Mannes Concerto Competition e o Gregory Award. Tem ampla atuação com música de câmara, integrando atualmente o Quinteto de Sopros da Filarmônica e diversos outros grupos em Belo Horizonte. Bolsista do Tanglewood Music Center, atuou como camerista e Primeira Flauta sob regência de James Levine, Kurt Masur, Seiji Ozawa e Rafael Frühbeck de Burgos. Na Minnesota Orchestra foi regida por Charles Dutoit. Foi Primeira Flauta e solista da Osesp, integrando-se à Filarmônica em 2009 como Flauta Principal. Gravou o CD Memória da Música Brasileira com o pianista Miguel Rosselini. Desde 2019, participa do Festival Artes Vertentes, em Tiradentes (MG).
Fabio Zanon, violão
Uma das figuras centrais no cenário internacional de violão clássico, como solista ou camerista, Fabio Zanon tem se apresentado por toda a Europa, Américas, Austrália e Oriente Médio. É também convidado regular de teatros como o Royal Festival Hall, Wigmore Hall, Philharmonie (Berlim), Carnegie Hall, Tchaikovsky Hall (Moscou) e Sala Filarmônica de São Petersburgo, Beux Arts Centre (Bruxelas), Les Invalides (Paris), Concertgebouw (Amsterdã), Sala Verdi (Milão), Sala da Filarmônica de Varsóvia, Musikhalle de Hamburgo, Ateneu de Madri, KKR em Lucerna e todas as mais importantes casas do Brasil. Venceu por unanimidade o 30° Concurso Francisco Tarrega (1996), na Espanha, e o 14° Concurso da Fundação Americana de Violão (GFA), nos Estados Unidos. A essas vitórias seguiu-se uma turnê de 56 concertos nos EUA e Canadá e o lançamento de seus primeiros álbuns. Sua gravação da obra completa de Villa-Lobos, pelo selo Music Masters, é considerada uma referência, e o álbum Guitar Recital (Naxos) foi escolhido pela revista Gramophone como o melhor de 1998. Desde 2009, Zanon é professor visitante da Royal Academy of Music de Londres. Em 2014, assumiu a coordenação artística e pedagógica do Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão.
Repertório
Alberto Nepomuceno (Fortaleza, Brasil, 1864 – Rio de Janeiro, Brasil, 1920) e a obra Suíte Antiga, op. 11 (1893)
Em 1890, o cearense Alberto Nepomuceno ficou em terceiro lugar no concurso para a escolha do Hino à Proclamação da República. O prêmio em dinheiro possibilitou que o compositor finalmente realizasse o desejo de fixar-se em Berlim para estudar na Escola Superior de Música (entre 1890 e 1892) e no Conservatório Stern (entre 1892 e 1894). Para as provas finais do conservatório, em maio de 1894, Nepomuceno regeu a Orquestra Filarmônica de Berlim, executando duas obras de sua autoria: Scherzo e Suíte Antiga. Chave na formação da linguagem de Nepomuceno, a Suíte Antiga revela influências de Brahms e da Suíte Holberg, de Edvard Grieg. Divisor de águas na carreira do compositor, o concerto incitou sua ambição de uma carreira internacional de compositor e regente. Um dos compositores mais influentes da geração entre Carlos Gomes e Villa-Lobos, Nepomuceno ajudou a criar no Brasil algumas das primeiras orquestras dedicadas ao repertório sinfônico.
Camille Saint-Saëns (Paris, França, 1835 – Argel, Argélia, 1921) e a obra Romance, op. 37 (1871)
Em 1871, Camille Saint-Saëns fundou a Societé Nationale de Musique, com o objetivo de promover a composição francesa. Desde o ano anterior, a França se via envolvida na Guerra Franco-Prussiana e, no intuito de restaurar o patriotismo e a esperança do país, a organização foi criada. Escrita originalmente para piano e flauta, Romance, op. 37 foi criada no ano de fundação da Sociedade e estreada no ano seguinte na Salle Pleyel, em Paris. Ao piano, Saint-Saëns foi acompanhado pelo flautista Paul Taffanel. A simplicidade da melodia principal sugere a esperança de Saint-Saëns para dias melhores após o fim da guerra. Em 1878, o compositor finalizou a versão para violino e orquestra.
Camille Saint-Saëns (Paris, França, 1835 – Argel, Argélia, 1921) e a obra Odelette, op. 162 (1920)
Em seus anos finais, Camille Saint-Saëns voltou a se entusiasmar pelos instrumentos de sopro. O interesse se refletiu na composição de três sonatas dedicadas à família das madeiras (oboé, clarinete e fagote). Sabe-se que, em seus últimos dias em Argel, ele estava refletindo a respeito de uma quarta sonata, sobre o corne inglês. Escrita para flauta, a composição de Odelette data de 1920. Uma transcrição para o piano também foi produzida por Saint-Saëns.
Mario Castelnuovo-Tedesco (Florença, Itália, 1895 – Beverly Hills, Estados Unidos, 1968) e a obra Concerto para violão nº 1 em Ré maior, op. 99 (1939)
Ao lado de Heitor Villa-Lobos, Manuel Ponce, Joaquín Rodrigo e Leo Brouwer, o italiano Mario Castelnuovo-Tedesco pertence ao grupo dos mais importantes compositores para violão do século XX. Dotado de escrita límpida e, ao mesmo tempo, demonstrando apaixonado lirismo, seu Primeiro Concerto para violão é seu maior trabalho neoclássico, ponto alto do diálogo entre solista e orquestra. Composto em 1939, e adotando um estilo mozartiano, foi dedicado ao violonista espanhol Andrés Segovia, com quem o compositor colaborava desde 1932. Sucesso imediato, Segovia considerou o opus 99 de Castelnuovo-Tedesco o principal trabalho responsável por convencer a crítica de que era viável equilibrar violão e orquestra.
PROGRAMA
ORQUESTRA FILARMÔNICA DE MINAS GERAIS
Série Presto | Série Allegro
19 de agosto – 20h30
Sala Minas Gerais
Série Veloce | Série Vivace
20 de agosto – 20h30
Sala Minas Gerais
José Soares, regente
Cássia Lima, flauta
Fabio Zanon, violão
NEPOMUCENO Suíte Antiga, op. 11
SAINT-SAËNS Romance, op. 37
SAINT-SAËNS Odelette, op. 162
CASTELNUOVO-TEDESCO Concerto para violão nº 1 em Ré maior, op. 99
O concerto será transmitido ao vivo pelo canal da Filarmônica no YouTube, na quinta-feira, dia 19.
A Sala Minas Gerais e os protocolos sanitários
A Orquestra Filarmônica de Minas Gerais reabriu as portas da Sala Minas Gerais. Para isso, o Instituto Cultural Filarmônica desenvolveu um protocolo sanitário que adequa o uso da Sala às medidas preventivas à transmissão da covid-19. A reabertura da Sala Minas Gerais tem respaldo em autorização emitida pela Prefeitura de Belo Horizonte.
Para receber o público na Sala Minas Gerais, foi desenvolvido e implementado, junto à médica infectologista Dra. Silvana de Barros Ricardo, um rigoroso Protocolo de Segurança, que prevê diversas restrições, como a presença de, no máximo, 393 pessoas por apresentação, o que corresponde em torno de 26% da capacidade total da Sala (1.493 lugares).
Foto: Bruna Brandão